PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA 52 ANOS CONSAGRADO 44 ANOS SACERDOTE |
2151. Características de nosso mundo
O Papa Francisco, em sua exortação apostólica Gaudete et Exultate (GE), se volta para nossa realidade, nosso mundo. Realmente não podemos programar nossa vida espiritual como se vivêssemos em outro século sem passado nem futuro. Temos que ter e dar respostas aos homens e mulheres de hoje. É um desequilíbrio viver num passado que não existe mais. O Evangelho é antigo, mas é vivo no hoje de nossa vida e o caminho para Deus se faz hoje. Por isso, nesse documento, o Papa procura ler o momento presente. Inicia dizendo que não vai se referir aos pontos normais de espiritualidade que são válidos para todos os tempos, como Eucaristia e Reconciliação, mas analisará o momento atual e sua contribuição para a espiritualidade. Não é só uma análise superficial. “Neste grande quadro da santidade que as bem-aventuranças e Mateus 25,31-46 nos propõem, gostaria de recolher algumas características ou traços espirituais que, a meu ver, são indispensáveis para compreender o estilo de vida a que o Senhor nos chama” (GE 110). São cinco grandes manifestações do amor a Deus e ao próximo, que considero mais importantes devido a alguns riscos e limites da cultura de hoje”... “Estas características que quero evidenciar não são todas as que podem constituir um modelo de santidade. Nesta se manifestam os grandes riscos que nos incomodam: a ansiedade nervosa e violenta que nos dispersa e enfraquece; o negativismo e a tristeza; a acédia cômoda (preguiça), consumista e egoísta; o individualismo e tantas formas de falsa espiritualidade sem encontro com Deus que reinam no mercado religioso atual” (GE 111).
2152. Suportes para a espiritualidade
Contra essas dificuldades acima apresentadas, o Papa Francisco indica: suportação, paciência e mansidão. “A primeira destas grandes características é permanecer centrado, firme em Deus que ama e sustenta. A partir desta firmeza interior, é possível aguentar, suportar as contrariedades, as vicissitudes da vida e também as agressões dos outros, as suas infidelidades e defeitos: ‘e Deus está por nós, quem pode estar contra nós?”’ (Rm 8,31). No tempo dos mártires a força de aguentar o martírio era um dom precioso de Deus. Não vivemos mais atacados por um leão. É uma alcateia de leões de todos os tipos. É preciso suportar. “Essas são as atitudes dum santo. Com base em tal solidez interior, o testemunho de santidade, no nosso mundo acelerado, volúvel e agressivo, é feito de paciência e constância no bem. É a fidelidade (pistis) do amor, pois quem se apóia em Deus também pode ser fiel (pistós) aos irmãos, não nos abandonando nos momentos difíceis, nem se deixando levar pela própria ansiedade, mas mantendo-se ao lado dos outros mesmo quando isso não lhe proporcione qualquer satisfação imediata” (GE 112). Não se deixar levar pelos sentimentos que as situações difíceis podem exigir de nós.
2153. Cuidar-se para não pecar
Nas dificuldades que nos incomodam, é preciso não fazer exatamente o que fazem. É necessário estar atentos a nós mesmos e não deixar que nossa agressividade crie raízes, diz o Papa. E cita: “Se vos irardes, não pequeis; que o sol não se ponha sobre o vosso ressentimento” (Ef 4,26). E recorre à tradição espiritual: Quando a situação nos incomoda, temos um bom caminho: a oração. Ela nos põe nas mãos de Deus e nos devolve a paz: “Por nada vos deixeis inquietar; pelo contrário: em tudo, pela oração e pela prece, apresentai os vossos pedidos a Deus em ações de graças. Então, a paz de Deus, que ultrapassa toda a inteligência, guardará os vossos corações” (Fl 4,6-7)(GE114).
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