quarta-feira, 25 de março de 2020

REFLETINDO A PALAVRA - “Mutilando o coração do Evangelho”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
52 ANOS CONSAGRADO
44 ANOS SACERDOTE
(Ao fundo, PADRE JOSÉ OSCAR BRANDÃO)
2145. As ideologias que destroem 
Papa Francisco, em sua reflexão sobre a santidade, indica dois erros que destroem o conteúdo autêntico do Evangelho. A vida cristã no mundo, mas não pode seguir as ideologias do mundo. Deve evangelizá-las. Normalmente acontece o contrário. Uma ideologia pode tirar o vigor evangélico da fé cristã. As ideologias levam para dois erros nocivos. Primeiro: Cristãos que separam as exigências do Evangelho de seu relacionamento pessoal com o Senhor, da união interior com Ele na graça. Vemos o caso de S. Francisco que fez uma opção fundamental pela pobreza para dar vida aos pobres. É o desapego total para que o Senhor continuasse sua vida pobre no mundo, através dessa opção. Ele vivia no tempo de uma Igreja rica e poderosa. Ele fez, como todos os outros santos que viveram o desapego. Esses santos são aclamados por tantos. Mas muitos o buscam só pelo lado “social”. Isso é consequência de sua escolha. Diz o Papa em sua reflexão: “O cristianismo se transforma em uma espécie de ONG, privando da beleza irradiante, como nos santos, como S. Francisco, Vicente de Paulo, Tereza de Calcutá... Nem a oração, nem o amor a Deus, nem a leitura do evangelho diminuíram a paixão e eficácia da sua dedicação ao próximo; antes pelo contrário...” (GE 100). Tomaram como modelo Jesus. As idéias e aspirações dos grandes líderes, são maravilhosas, só falta o miolo delas: Jesus. Assim foram reconhecidos como imagens vivas de Jesus, santos. 
2146. Ideologia da ausência 
Há um segundo erro nas ideologias: Assim diz o Papa: “Mas é nocivo e ideológico também o erro das pessoas que vivem suspeitando do compromisso social dos outros, considerando-o algo de superficial, mundano, secularizado, imanentista, comunista, populista; ou então o relativizam como se houvesse outras coisas mais importantes” (GE 101) E dá um exemplo: A defesa do nascituro deve ser total, mas é sagrada também a vida dos pobres que já nasceram e se debatem na miséria, no abandono, na exclusão, no tráfico de pessoas, na eutanásia encoberta de doentes e idosos privados de cuidados, nas novas formas de escravatura, e em todas as formas de descarte. O ser humano, em todas as circunstâncias deve ser total. “Não podemos propor-nos um ideal de santidade que ignore a injustiça deste mundo, onde alguns festejam, gastam folgadamente e reduzem a sua vida às novidades do consumo, ao mesmo tempo em que outros se limitam a olhar de fora enquanto a sua vida passa e termina miseravelmente” (GE 101). Fé e vida andam juntas. É por isso que a vitalidade do Evangelho se dilua em muitos setores da Igreja e são apoiados os movimentos que buscam a santidade intimista sem o núcleo do Evangelho, que é o amor. 
2147. Problemas do mundo 
Entre as muitas situações no mundo, o Papa cita o caso dos migrantes. Na verdade, o mundo está se movendo. Isso não é problema para muitos. Não podemos nos reger pelos políticos nem pelos que dizem que isso não é problema da Igreja nem tem a ver com a fé. Podem dizer: “Pensamos coisas mais sérias e teológicas”. Ou ficamos na piedade balofa e sem compromisso evangélico com o mundo. Os pequenos gestos podem resolver muito. O Papa cita S. Bento, que estabeleceu que as pessoas que passassem por ali fossem hospedadas e recebidas como Cristo. Isso não atrapalha a vida do mosteiro, se o peregrino for tratado como Cristo (GE 102). Já no Antigo Testamento há mandamentos que mandam cuidar dos estrangeiros. E o motivo é: “Porque foste estrangeiro na terra do Egito” (Lv 19,34). E dirá Isaias: “Então, a tua luz surgirá como a aurora” (Is 58, 7-8).

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