PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA 52 ANOS CONSAGRADO 44 ANOS SACERDOTE |
“Sois Luz no Senhor”
Ver com os olhos de Deus
Jesus viu um cego de nascença, fez lama com a saliva, passou nos olhos dele e disse-lhe: “Vai lavar-te na piscina de Siloé” (que quer dizer Enviado). “O cego foi, lavou-se e voltou enxergando”. A fé é um dom. O cego não pediu. Jesus se apresenta como a luz. A saliva com lama que Jesus passou em seus olhos, pode sugerir que nossa fragilidade, o barro inicial, recebe algo pessoal e íntimo do Senhor. A saliva indica a união profunda que há entre duas pessoas. A luz invadiu a vida do cego. Por que a história desse cego de nascença nesse domingo? O Ano A, na liturgia da Quaresma, está ligado às etapas da iniciação cristã dos adultos. É o momento da iluminação. Lemos o evangelho da samaritana. As águas nos dão a vida. Cristo é a luz que nos ilumina. E no 3º domingo lembraremos que o batismo nos dá a Vida. Nesse esquema podemos nos preparar para a renovação de nossas promessas batismais. Recebemos a luz da fé e começamos a ver com os olhos de Deus. Como o cego que lavou os olhos na fonte chamada Siloé (“Enviado”), nós também recebemos a luz de Jesus, principalmente quando O acolhemos em nossa vida. Lavamos os olhos e passamos a ver com a luz da fé. Fé é ver todas as coisas com os olhos de Deus, isto é, em sua luz. Somente quando deixamos que o Enviado de Deus (Jesus) lave nossos olhos, é que passamos a viver da fé e caminhar na luz. O nome da fonte onde o cego se lavou é Siloé, que quer dizer Enviado. Jesus, enviado para nossa salvação nos lava com as águas, nos ilumina para conhecermos Deus e nos dá a Vida. O batismo é o sacramento que age continuamente em nós, dando-nos a vida através dos demais sacramentos que têm nele sua fonte. O exemplo dado pela escolha de Davi ensina como Deus vê: “O homem vê as aparências, mas o Senhor olha o coração” (ISm 16,7).
Outrora éreis trevas
A fé é a abertura dos olhos para ver e crer. Crer é a iluminação. A vida cristã que se move pela fé, tem uma visão completa das realidades humanas e espirituais. Sem ela corre-se o risco de tapear a si mesmo com uma tintura de piedade, não ver Deus agindo nas realidades e dirigindo sua Igreja. Há muitos tipos de trevas que nos cobrem impedindo de ver como Deus vê. Temos as trevas do mal, dos pecados que nos impedem a prática do bem; temos as trevas do egoísmo que nos levam a vermos somente a nós mesmos; Temos as trevas da ignorância das coisas de Deus; vivemos somente em busca das realidades mundanas, sem nenhuma referência a Deus e sua Palavra; temos as trevas do mundo que ofuscam nossa visão, não nos deixando ver as coisas de Deus. Por isso Paulo nos desperta a vivermos como luz: “Vivei como filhos da luz. E o fruto da luz chama-se bondade, justiça e verdade” (Ef 5,8-9). Por isso lembra: “Desperta tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e sobre ti Cristo resplandecerá” (id 14). O salmo mostra como Deus nos conduz e abre nossos olhos à riqueza da graça. É o salmo do bom pastor que nos conduz (Sl 22). Vimos que o cego entrou em choque com os judeus por ter sido curado por Jesus. Eles não tinham lavado seus olhos. Viver com os olhos iluminados é saber construir uma vida a partir da fé na opção pelo evangelho. A saliva usada por Jesus cria-se uma intimidade com Ele. Essa intimidade ilumina.
Viver iluminados
O Batismo realiza em nós esse toque que nos ilumina. É Deus que nos escolhe como escolheu Davi, frágil e deixado de lado entre seus irmãos. Mas Deus vê o coração. Paulo nos ensina como é fácil saber se somos da luz: “Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor. Vivei como filhos da luz. E o fruto da luz chama-se: bondade, justiça, verdade. Discerni o que agrada ao Senhor. Não vos associeis às obras das trevas, que não levam a nada; antes, desmascarai-as” (Ef 5,8-14). Rezamos oração pós-comunhão: “Ó Deus, luz de todo ser humano que vem a esse mundo, iluminai nossos corações com o esplendor da vossa graça, para pensarmos sempre o que vos agrada e amar-vos de todo o coração”. Usemos o colírio que recupera a fé (Ap 3,18).
Leituras:1Samuel16,1b.6-7.10-13a;
Salmo 22;
Efésios 5,8-14; João 9,1-41
1. Fé é ver todas as coisas com os olhos de Deus, isto é, em sua luz.
2. Viver com os olhos iluminados é saber construir a vida a partir da fé na opção pelo evangelho.
3. O Batismo realiza em nós esse toque que nos ilumina.
Bengala de cego
Um cego que não pediu para ver recebeu a cura por pura gratuidade de Jesus. O motivo era simples: Jesus queria mostrar que Ele é a Luz e abre nossos olhos para que possamos ver com os olhos da fé. Ver Jesus e crer Nele. Ele nos ilumina e passamos a ver, como o cego diz ao final do texto: “Eu creio, Senhor!” . E ainda não sabia quem era Jesus. Tanto para enxergar, como para ver pela fé foram atos gratuitos de Jesus. Jesus foi um suporte de sua vida, tanto para a vista como para a fé.
Nossas ações também devem resplandecer a fé que nos faz ver. Jesus sempre vai ser nossa bengala. Mesmo sendo cegos, nós temos apoio Nele.
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