Evangelho segundo São João 8,21-30.
Naquele tempo, disse Jesus aos fariseus: «Eu vou partir. Haveis de procurar-Me e morrereis no vosso pecado. Vós não podeis ir para onde Eu vou».
Diziam então os judeus: «Irá Ele matar-Se? Será por isso que Ele afirma: "Vós não podeis ir para onde Eu vou"?»
Mas Jesus continuou, dizendo: «Vós sois cá de baixo, Eu sou lá de cima; vós sois deste mundo, Eu não sou deste mundo.
Ora, Eu disse-vos que morrereis nos vossos pecados, porque, se não acreditardes que Eu sou, morrereis nos vossos pecados».
Então perguntaram-Lhe: «Quem és Tu?» Respondeu-lhes Jesus: «Absolutamente aquilo que vos digo.
Tenho muito que dizer e julgar a respeito de vós. Mas Aquele que Me enviou é verdadeiro e Eu comunico ao mundo o que Lhe ouvi».
Eles não compreenderam que lhes falava do Pai.
Disse-lhes então Jesus: «Quando levantardes o Filho do homem, então sabereis que Eu sou e que por Mim nada faço, mas falo como o Pai Me ensinou.
Aquele que Me enviou está comigo: não Me deixou só, porque Eu faço sempre o que é do seu agrado».
Enquanto Jesus dizia estas palavras, muitos acreditaram nele.
Tradução litúrgica da Bíblia
São João Fisher (1469-1535)
bispo, mártir
Sermão para Sexta-Feira Santa
«Quando levantardes o Filho do homem,
então sabereis que Eu sou»
O espanto é a fonte aonde os filósofos vão buscar o seu grande saber. Eles conhecem e contemplam os prodígios da natureza, como os tremores de terra, os trovões, os eclipses do Sol e da Lua; e, tocados por essas maravilhas, vão à procura das respetivas causas. E assim, por via de pacientes buscas e prolongadas investigações, chegam a um saber e a uma subtileza notáveis, a que os homens chamam filosofia natural.
Existe, contudo, outra forma mais elevada de filosofia, que se encontra acima da natureza, e à qual se chega igualmente pelo espanto: a filosofia dos cristãos. De tudo o que caracteriza a doutrina cristã, é particularmente extraordinário e maravilhoso que o Filho de Deus tenha consentido, por amor ao homem, em ser crucificado e morrer na cruz. Não é espantoso que Aquele por quem temos maior temor e respeito tenha sentido um medo tal que suou água e sangue? Não é impressionante que Aquele que dá a vida a todas as criaturas tenha sofrido morte tão ignóbil, cruel e dolorosa?
Assim, aqueles que se esforçam, de coração aberto e fé sincera, por meditar e admirar este livro extraordinário que é a cruz atingirão um saber mais fecundo que muitos outros que estudam e meditam quotidianamente nos livros vulgares. Para um verdadeiro cristão, este livro basta como objeto de estudo para todos os dias da sua vida.
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