Honrar com o
coração
Voltamos a ler o
evangelho de Marcos, depois de termos refletido sobre o ensinamento sobre o Pão
da Vida (Jo 6). Hoje ouvimos as palavras de
Jesus sobre o puro e o impuro. Esse texto, explicado pelas outras leituras,
mostra que a observância da lei mantinha a unidade e a esperança do povo na
realização das promessas de Deus que é o sentido da real obediência. Jesus
ensina que não se pode deixar de lado a lei de Deus para se fixar em
observâncias inventadas pelos homens e mantidas em tradição mais forte que a
Palavra. A rigidez na interpretação da
lei criou observâncias que estavam fora do espírito da lei. Era isso que Jesus
condenava com toda sua força. Ele era a Lei, como ouvimos em seu batismo e em
sua transfiguração: “Este é meu Filho amado, ouvi o que Ele diz” (Mt
17,5).
Temos atualmente a tendência de aumentar as observâncias no campo litúrgico e
moral e outros. Na verdade é uma desculpa para não cumprirmos o essencial do
Evangelho ensinado por Jesus. Jesus não veio abolir a lei, veio levar à sua
maturidade através que é a expressão do amor do Pai na realização da lei do
amor que redime. Jesus disse: “Vós abandonais o mandamento de Deus para seguir
a tradição dos homens” (Mc 7,8). Este é o
resultado de uma volta a doutrinas de um passado rigorista que foi condenado
como heresia e volta com toda a força de verdade. Há pessoas que não aceitam
nem o Papa porque cobra simplicidade e autenticidade. O modelo é sempre Jesus em sua simplicidade,
pobreza e dedicação aos sofredores e humilhados.
Lei de ser irmão
Rezamos no salmo
14 a verdade sobre a vida perfeita. Quem vive com Deus e vai para o Céu? “Quem
não prejudica o irmão, não insulta o vizinho, não dá valor ao homem ímpio, não
empresta seu dinheiro com usura, nem se deixa subornar contra o inocente”. A
observância fundamental está no mandamento do amor que se expressa de muitas
maneiras no relacionamento. Tiago vê no cuidado com os irmãos, o cumprimento de
toda lei. Isso vai fazer de nós, como nos ensina o livro do Deuteronômio, um
grande povo, isto é, uma Igreja autêntica no amor ao próximo, sobretudo aos
humildes. Diz o livro dos Provérbios “Quem zomba de um pobre insulta seu
Criador” (Pr 17,5). (Os pobres são
os parentes de Deus). Aqui é o momento de revisarmos nossa espiritualidade. Meu
movimento, minha associação, minha congregação, meu sacerdócio, meu episcopado
e coisas, mais são para quê? Onde se localizam? No meu coração, ou na minha
roupa, em nossa euforia espiritual? Há demônio que precisa de muita oração e jejum
para ser tirado de dentro de nós.
Palavra que
salva
Jesus denuncia
os fariseus e doutores da lei de ensinarem tradições criadas e abandonar a lei
de Deus. Tiago nos diz: “Recebei com humildade a Palavra que foi em vós
implantada, e que é capaz de salvar as vossas almas... A religião pura e sem
mancha diante de Deus Pai é assistir os órfãos e as viúvas em suas tribulações
e não se deixar contaminar pelo mundo” (Tg 1,21.27). Viver
autenticamente é caminhar na salvação. Obedecer a Lei de Deus e não esconder-se
numa falsa religião de exterioridades. Vemos em muitos grupos muita
espiritualidade que se torna vazia porque não se cumpre a Palavra de Deus no
mandamento do amor. A fé católica nos leva a pensar nos necessitados. Ela é a
instituição do mundo que mais faz obra social e caridade no mundo, dizem as
pesquisas.
Leituras: Deuteronômio
4,1-2.6-8;Salmo 14; Tiago 1,17-18.21b-22.27;Marcos 7,1-8.14-15.21-23
1. Jesus condena a observância das exterioridades
que matam o homem.
2. A autenticidade
da fé se mede na caridade autêntica que nos compromete.
3. A verdadeira
religião exige autenticidade na caridade.
Vestindo
a vida
Quando vamos
escolher uma roupa, procuramos a que nos agrada, mas também que seja de nosso
tamanho. Não é possível viver a fé sem que nos vistamos dela para que
correspondamos a suas exigências.
A fé católica não é só a crença em
alguns princípios, mas uma vida e um modo de vida de acordo com Jesus e seu
Evangelho. Jesus é muito claro: “Se alguém quer ser meu discípulo, tome sua
cruz e siga-me” (Mt 16,24). Não é possível salvar-se a não
ser em Jesus. Ideologias não salvam. Éno coração que residem nossas opções.
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