Evangelho segundo S. Lucas 5,33-39.
Naquele tempo, os fariseus e os escribas disseram a Jesus: «Os discípulos de João Batista e os fariseus jejuam muitas vezes e recitam orações. Mas os teus discípulos comem e bebem».
Jesus respondeu-lhes: «Quereis vós obrigar a jejuar os companheiros do noivo, enquanto o noivo está com eles?
Dias virão em que o noivo lhes será tirado; nesses dias jejuarão».
Disse-lhes também esta parábola: «Ninguém corta um remendo de um vestido novo, para o deitar num vestido velho, porque não só rasga o vestido novo, como também o remendo não se ajustará ao velho.
E ninguém deita vinho novo em odres velhos, porque o vinho novo acaba por romper os odres, derramar-se-á e os odres ficarão perdidos.
Mas deve deitar-se vinho novo em odres novos.
Quem beber do vinho velho não quer do novo, pois diz: "O velho é que é bom"».
Tradução litúrgica da Bíblia
Santo Agostinho (354-430)
bispo de Hipona (norte de África),
doutor da Igreja
Sermões sobre a primeira carta
de São João, I, 2
de São João, I, 2
«Enquanto o noivo está com eles»
São João escreve: «Nós vimo-l'O, dele damos testemunho» (1Jo 1,2). Onde O viram eles? Na sua manifestação. Como foi a sua manifestação? Foi sob o sol, por outras palavras, a esta luz visível. Mas poderíamos nós ver quem fez o sol à luz do mesmo sol se Ele não tivesse feito «lá no alto, uma tenda para o sol, donde sai, como esposo do seu leito, a percorrer alegremente o seu caminho» (Sl 19,6)? Verdadeiro Criador, Ele é anterior ao sol, precedeu a estrela da manhã, todos os astros e todos os anjos, porque «por Ele é que tudo começou a existir e sem Ele nada veio à existência» (Jo 1,3). Querendo que O víssemos com os nossos olhos de carne que veem o sol, montou a sua tenda debaixo do sol, quer dizer, mostrou-Se na carne manifestando-Se a esta luz terrestre, e o tálamo deste esposo foi o seio da Virgem.
Porque neste seio virginal uniram-se os dois, o esposo e a esposa, o Verbo esposo e a carne esposa. Como está escrito: «os dois serão uma só carne» (Gn 2,24); e o Senhor disse no Evangelho: «Portanto já não são dois, mas um só» (Mt 19,6). Isaías exprime melhor como esses dois se tornam um quando, falando em nome de Cristo, diz: «Como um noivo que cinge a fronte com o diadema, e como a noiva que se adorna com as suas jóias» (61,10). Parece falar de um único indivíduo, que apresenta alternadamente como esposo e como esposa. Não são dois, mas uma só carne, porque «o Verbo fez-Se homem e veio habitar connosco» (Jo 1,14). A Igreja une-se a esta carne e forma-se o Cristo total, cabeça e corpo (Ef 1,22-23).
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