Evangelho
segundo S. Marcos 16,1-7.
Depois de passar o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de
Tiago, e Salomé compraram aromas para irem embalsamar Jesus. E no primeiro dia da semana, partindo muito cedo, chegaram ao sepulcro ao
nascer do sol. Diziam umas às outras: «Quem nos irá revolver a pedra da entrada do sepulcro?». Mas, olhando, viram que a pedra já fora revolvida; e era muito grande. Entrando no sepulcro, viram um jovem sentado do lado direito, vestido com uma
túnica branca, e ficaram assustadas. Mas ele disse-lhes: «Não vos assusteis. Procurais a Jesus de Nazaré, o
Crucificado? Ressuscitou: não está aqui. Vede o lugar onde O tinham depositado. Agora ide dizer aos seus discípulos e a Pedro que Ele vai adiante de vós para a
Galileia. Lá O vereis, como vos disse».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São Cromácio de Aquileia (?-407), bispo
Sermão 17, 2.º para a Grande Noite
«Eis que renovo todas as
coisas» (Ap 21,5)
O mundo inteiro, celebrando a vigília pascal durante toda esta noite,
testemunha a grandeza e a solenidade da mesma. E com razão: nesta noite a morte
foi vencida, a Vida está viva, Cristo ressuscitou dos mortos. Outrora, Moisés
dissera ao povo, a propósito desta Vida: «Sentireis a vossa vida suspensa e
tremereis noite e dia» (Dt 28,66). [...] Que aqui se trata de Cristo Senhor, é
Ele próprio que no-lo mostra no Evangelho, quando diz: «Eu sou o caminho, a
verdade e a vida» (Jo 14,6). Ele diz-Se o caminho, porque conduz ao Pai; a
verdade, porque condena a mentira; e a vida, porque comanda a morte [...]:
«Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?» (1Cor
15,55) Porque a morte, que sempre fora vitoriosa, foi vencida pela morte
daquele que a venceu. A Vida aceitou morrer para desconcertar a morte. Da mesma
forma que, ao nascer do dia, as trevas desaparecem, assim foi a morte
aniquilada, quando se ergueu a Vida eterna. [...] Eis, pois, o tempo pascal. Outrora, Moisés falou ao seu povo dizendo: «Este mês
será para vós o primeiro dos meses; ele será para vós o primeiro dos meses do
ano» (Ex 12,2). [...] O primeiro mês do ano não é, portanto, janeiro, em que
tudo está morto, mas o tempo pascal, em que tudo retorna à vida. Porque é agora
que a erva dos prados, de certa forma, ressuscita da morte, é agora que há
flores nas árvores e que as vinhas têm rebentos, é agora que o próprio ar
parece feliz com o início dum novo ano. [...] Este tempo pascal é, assim, o
primeiro mês, o tempo novo [...], e, também neste dia, o género humano é
renovado. Pois hoje, no mundo inteiro, inumeráveis povos ressuscitam, pela água
do batismo, para uma vida nova. [...] E nós, que acreditamos que o tempo pascal
é, na verdade, o ano novo, devemos celebrar este santo dia com toda a alegria e
exultação e júbilo espiritual, para podermos dizer, verdadeiramente, este
refrão do salmo: «Este é o dia da vitória do Senhor: cantemos e alegremo-nos
nele!» (117,24).