sábado, 18 de novembro de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “A Palavra e o coração”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
1199. Obediência da fé
            Conhecemos a fonte e a riqueza da Palavra. Por ela Deus entrou em diálogo conosco. Como Se comunicou e Se entregou a nós nesta Palavra, assim também temos que responder através de nossa entrega total pela fé. Fé não é só um sentimento ou um dom que nos conforta ou uma sabedoria que nos enriquece.  É uma entrega total. Por isso: “Ao Deus que Se revela é devida ‘a obediência da fé’” (Rm 16,26). “Pela fé o homem se entrega total e livremente a Deus, oferecendo-Lhe o obséquio pleno da inteligência e da vontade, prestando voluntário assentimento a sua revelação” (VD 25). O modo de responder ao Deus que nos fala pela Palavra é a fé. Não é possível fé sem entrega de si a Deus, oferecendo o acolhimento de Sua revelação na inteligência e na vontade. Essa fé envolve a pessoa não somente a nível espiritual, mas repercute totalmente nas atitudes que envolvem a vida. Do contrário, não é fé. Conhecer as Escrituras não é um estudo como outro, mas um estudo guiado pelo Espírito Santo, como ensina o documento Verbum Domini (Palavra do Senhor - 25): “Para acolher a revelação, o homem deve abrir a mente e o coração à ação do Espírito Santo que lhe faz compreender a Palavra de Deus presente nas Escrituras” (VD 25). O Espírito Santo sempre está presente quando lemos a Palavra de Deus, ou a ouvimos nos muitos modos pelos quais Deus nos fala. Entramos em diálogo com Deus pelo Espírito Santo. É Ele quem abre a possibilidade de crer e entrar em comunhão dialogal com Deus. Tudo isso aconteceu na Encarnação de Jesus. É devido a essa verdade que podemos justificar que a Palavra tem força de converter e orientar o caminho da vida, pois é Vida do Espírito em nós. Paulo nos diz que ninguém diz Jesus é o Senhor, a não ser pelo Espírito Santo (1Cor 12,3). O Espírito abre nosso coração para acolher a Palavra e nos fortalece para aceitá-la como Palavra de Deus. Assim entramos no diálogo. Podemos bloquear essa ação, pois Deus nos respeita. O diálogo não são palavras, mas é Sua Vida que se une à nossa vida.
1200. Anunciar Palavra!
            No momento em que Jesus subiu ao Pai, disse aos apóstolos: “Ide por todo mundo e proclamai o Evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo” (Mc 16,15-16). No momento máximo da entrada de Cristo em sua Glorificação, Ele confiou aos apóstolos sua Palavra. Ela continua Sua presença que comunica a vontade do Pai. É a pregação da Palavra Divina que faz surgir a fé. Acolhendo a Palavra, aderimos à verdade que Jesus nos ensinou e Lhe entregamos nosso ser. Sem essa entrega podemos ter uma boa religião, mas não podemos falar ainda de fé. A Palavra identifica-se com o Filho de Deus em sua missão.
1201. Em Permanente diálogo
            Dizemos que a boca fala do que o coração está cheio. Por isso a Palavra de Cristo é a Vida que se põe em diálogo de comunhão. Seu coração é Vida Plena. Ensina o Papa: “De fato, com Ele, a fé toma a forma de encontro com uma Pessoa à qual se confia a própria vida. Cristo Jesus continua hoje presente, na história, no seu corpo que é a Igreja; por isso, o ato da nossa fé é um ato simultaneamente pessoal e eclesial” (VD 25). Nas celebrações da liturgia temos sempre a Palavra de Deus. É Cristo quem fala quando se leem as Escrituras na Celebração. Se tomássemos mais consciência da Presença de Cristo, maior seria o acolhimento da Palavra e mais frutuosa a ação do Espírito em nós.

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