Celebramos
todos os anos o dia de Finados. Lembramos os que fizeram parte de nossa vida. É
um momento de pensar na realidade da qual não escapamos. As Sagradas Escrituras
colocam a morte como fruto do pecado. Vencendo o pecado, a morte está vencida
por Jesus Cristo, como nos ensina S. Paulo: “Se, com efeito, pelo pecado de um
só a morte imperou através deste único homem (Adão), muito mais os que recebem
abundância da graça e do dom da justiça reinarão na vida por meio de um só,
Jesus Cristo” (Rm 5,17).
Cremos que somos corpo e alma. No ato de nossa criação é criada por Deus, para
cada um, uma alma imortal... Com a morte há a separação e, com a ressurreição,
a união. Falamos em linguagem humana. Não haverá uma viagem da alma para outros
corpos. Cada corpo pertence a essa alma. Seremos eternamente os mesmos, e
nenhuma alma fica em um depósito esperando o dia final quando a matéria será
glorificada. Como Jesus falou ao ladrão: “Hoje estarás comigo no paraíso”. O
dia final não faz parte de nosso calendário. Como Deus o faz ou fará não é de
nosso conhecimento. A morte não é o fim. A morte é o termino da vida terrestre.
Nossas vidas são medidas pelo tempo... a morte aparece como o fim normal da
vida (CIC 107). Visitamos
os cemitérios, fazemos monumentos. É sinal de que a pessoa existe. Não dizemos
o pai que tive, mas meu pai, minha mãe que já estão mortos continuam na
condição de vivos. Em outra dimensão. O túmulo é um memorial do que foi vivo.
Mas sabemos que a condição humana se modificou. Cremos na vida eterna. O túmulo
pode estar vazio de matéria, mas não se aniquilou.
1958.
Nossos mortos estão vivos
A
celebração de Finados, por mais que possa nos doer a saudade, é um dia de vida
manifestada nos símbolos da luz através das velas e da alegria, através das
flores. Elas nos trazem sempre a certeza da beleza que nos espera. Não é bom
ter somente um dia para recordar nossos queridos. É bom sempre estar recordando
suas palavras. Há tanta confusão por causa das heranças. Quem fez, fez para si,
quem recebe pensa só no direito de receber o que não fez. Por que não
batalhamos para conservar as heranças que não acabam? Guardar as palavras, as
atitudes, a vida correta não faz parte das heranças. Por essas valeria a pena
lutar. A sensação de que estão vivos
e não desapareceram de nossas vidas é muito rica e nos ajuda a viver. Temos um
elemento importante que mostra essa vida da qual participamos: A união com os
falecidos. Temos a comunhão com os vivos, com os santos e com os falecidos. São
as três Igrejas de nossa vida: da Terra, do Céu e do Purgatório.
1959.
Oração pelos mortos
Diz o Catecismo: “Reconhecendo esta comunhão de todo o Corpo Místico de
Jesus Cristo, a Igreja terrestre, desde os primeiros tempos da religião cristã,
venerou com grande piedade a memória dos mortos” (CIC 985). Nós nos apoiamos na Bíblia: Judas
Macabeu fez uma coleta para que se oferecessem sacrifícios pelos soldados mortos
com amuletos dos ídolos: “Já que é um pensamento santo e salutar rezar pelos
defuntos para que sejam perdoados de seus pecados” (2Mc 12,46). “Nossa oração por eles pode não
somente ajudá-los, mas também tornar eficaz a sua intercessão por nós”. Como
Corpo de Cristo estamos todos unidos Nele e unidos entre nós. A vida de Cristo
está em nós e circula por todo o corpo dos fiéis, vivos na terra, vivos no Céu
e os defuntos que estão na purificação. Por isso rezamos por eles. Eles rezam
por nós. Essa é a doutrina católica.
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