PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Deu
seu Filho para salvar
A
festa da Exaltação da Santa Cruz teve origem onde ela foi plantada. S. Helena,
mãe do imperador Constantino, construiu, em Jerusalém, uma basílica grandiosa.
Ela tinha 4 partes: a cúpula sobre o túmulo de Jesus, chamada Anástasis
(Ressurreição), o Calvário, o Matyrion (lugar das celebrações) e um adro. Eram 200 metros . Uma tradição
conta que ali, em uma gruta, foi milagrosamente encontrada a cruz de Jesus. A
festa tem origem no ano 335, na Dedicação da Basílica da Ressurreição, mais
tarde chamada, pelos cruzados, de Santo Sepulcro. Há uma íntima ligação entre
os mistérios da Morte e Ressurreição de Jesus. A festa é colocada 40 dias
depois da festa da Transfiguração. Na atual celebração, lemos o texto que narra
o encontro de Jesus com Nicodemos. Jesus lhe diz que é preciso nascer do Alto (Jo 3, ), do lugar de onde veio para se encarnar,
ser elevado na cruz e voltar ao Pai. Ele veio para levar consigo os que nele
creram. Jesus, para explicar sua missão de redenção, usa o símbolo da serpente
de bronze, que Moisés levantara em um poste para curar os que para ela olhavam,
depois de serem picados pelas serpentes do castigo. Para Jesus, ser levantado, significava
ser crucificado para dar vida, como narra o Livro dos Números sobre a serpente (Nm 4b-9).
Há uma relação entre a árvore do Paraíso que trouxe a morte e a árvore
da cruz que traz a vida: “Puseste no lenho da cruz a salvação da humanidade,
para que a vida ressurgisse de onde a morte viera. E o que vencera na árvore do
Paraíso, na árvore da cruz fosse vencido”(prefácio).
Olhar para Jesus na cruz é o gesto de crer. Por isso dá a vida. Mas por que o
Filho de Deus teve que passar por todo o suplício da Paixão e chegar à morte de
cruz para salvar a humanidade? Deus poderia ter salvado de modo mais simples e
menos custoso. Santo Afonso responde que era para que não sobrasse nenhuma
dúvida sobre o amor de Deus. Foi ao extremo do amor, para manifestar amor e
atrair ao amor. Amou assim para que pudéssemos amar ao extremo de nosso frágil
amor. O amor do Pai está em dar o Filho.
Ele esvaziou-se a si mesmo
A
totalidade de Deus só pode existir em nós quando chegamos ao que Cristo chegou,
o esvaziamento. Não significa anulação de si, mas abertura total. Esse esvaziamento
acontece quando somos capazes de olhar para Cristo Crucificado e entender o
porquê Ele tomou esse caminho de abnegação de si, para que o amor do Pai
estivesse todo nEle. O Filho de Deus deixou de lado toda a aparência da
divindade e assumiu a forma humana, como nos escreve Paulo aos Filipenses
2,6-11. Foi extremamente homem e assim pode, como homem, abrir-se totalmente a
Deus. Foi obediente até à morte e morte de cruz. Uma das qualidades de Deus é
justamente a humildade (aliás, desconhecida), na qual cada Pessoa da Trindade
se abre à outra. Por isso há Um Deus em Três Pessoas. Cada
uma das pessoas se esvazia para assumir a outra. Jesus, esvaziando-se também como
homem, recebe a glorificação de sua divindade. Se não nos esvaziarmos, não
caminharemos para Deus.
Quem
nEle crê, tem a vida.
Na
celebração da Exaltação da Santa Cruz, somos chamados a renovar nossa fé em Cristo Redentor
crucificado. Ele já está glorificado, mas permanece para nós o mistério da
Paixão para ser vivido e imitado. Não chegamos a Deus, sem passar pela Cruz.
Não a Cruz da dor. Somos chamados a caminhar como Ele caminhou (1Jo 2,6).
Paulo exorta os cristãos a terem os mesmos sentimentos de Cristo na sua
humilhação, para chegar à glorificação. Contemplar Cristo na Cruz, para sermos
curados por suas chagas.
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