Evangelho segundo S. Lucas 18,9-14.
Naquele
tempo, Jesus disse a seguinte parábola para alguns que se consideravam justos e
desprezavam os outros: «
Dois homens subiram ao templo para orar; um era
fariseu e o outro publicano. O fariseu, de pé, orava assim: ‘Meu Deus,
dou-Vos graças por não ser como os outros homens, que são ladrões, injustos e
adúlteros, nem como este publicano. Jejuo duas vezes por semana e pago o
dízimo de tudo quanto possuo’. O publicano ficou a distância e nem sequer se
atrevia a erguer os olhos ao Céu; mas batia no peito e dizia: ‘Meu Deus, tende
compaixão de mim, que sou pecador’. Eu vos digo que este desceu justificado
para sua casa e o outro não. Porque todo aquele que se exalta será humilhado e
quem se humilha será exaltado».
Da Bíblia Sagrada - Edição
dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São João Clímaco (c. 575-c. 650), monge do Monte Sinai
A Escada
Santa, cap. 28
Que a vossa oração seja muito simples; uma
só palavra bastou ao publicano e ao filho pródigo para obterem o perdão de Deus
(cf Lc 15,21). [...] Não rebusqueis palavras na vossa oração; quantas vezes o
balbuciar simples e monótono das crianças não dobrou a vontade de seus pais? Não
vos lanceis, pois, em longos discursos, para que o vosso espírito não se
distraia na busca das palavras. Uma só palavra do publicano tocou a misericórdia
de Deus; uma só palavra cheia de fé salvou o bom ladrão (cf Lc 23,42). O
palavreado na oração enche o espírito de imagens e distrai-o, ao passo que uma
só palavra tem, muitas vezes, o efeito de o concentrar. Sentis-vos consolados
com uma palavra na vossa oração? Pois detende-vos nela, porque é o vosso anjo
que reza convosco. Não vos sintais excessivamente seguros, mesmo que tenhais
atingido a pureza, mas vivei em grande humildade e sentir-vos-eis confiantes.
Ainda que tenhais subido a escada da perfeição, pedi perdão pelos vossos
pecados; escutai o que diz São Paulo: «Sou o primeiro dos pecadores» (1Tim
1,15). [...] Se estiverdes revestidos de mansidão e libertos de toda a cólera,
não vos custará muito libertar o vosso espírito do cativeiro.
Enquanto
não conseguirmos uma oração verdadeira, assemelhamo-nos aos que ensinam as
crianças a dar os primeiros passos. Trabalhai para elevar o vosso pensamento ou,
melhor, para o confinar às palavras da vossa oração; se a fraqueza da infância o
fizer cair, erguei-o. Porque o espírito é instável por natureza mas Aquele que
pode tudo fortalecer também pode estabilizar o vosso espírito. [...] O primeiro
degrau da oração consiste, pois, em expulsar com uma palavra simples as
sugestões do espírito no próprio momento em que elas se apresentam. O segundo,
em guardar o nosso pensamento apenas para o que dizemos e pensamos. O terceiro é
a entrega da alma ao Senhor.
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