Fizemos
uma longa reflexão sobre espiritualidade do matrimônio. Não poderíamos terminar
sem nos referir aos que são frutos desse amor, de concreto, os filhos.
Certamente que, para falar do significado de um filho na vida, é preciso tê-lo
gerado. A Trindade Santa, para se explicar, assumiu a melhor realidade que
temos na terra, a família. Ele, o Deus eterno, invisível, todo-poderoso... quis
ser chamado de Pai, Filho e Espírito Santo. Quis manifestar-se como família. E
foi bom, pois dignificou aquilo que já era maravilhoso. Desse modo, Aquele que
tomou a família como expressão de sua realidade, é também o modelo para seu
desenvolvimento. O matrimônio, assim se qualifica sempre mais como caminho de
santidade. A criança é uma extensão do casal, fruto de amor e continuação de
seu ser. Em primeiro lugar podemos contemplar a geração de um filho, obra feita
em união ao gesto criador de Deus. Fico abismado ao contemplar a beleza e a
perfeição de uma criança. É na imagem do Filho de Deus, que compreendemos o
filho. O Filho de Deus, “gerado, mas não criado”, é, no casamento, não o
produto de uma vez, mas a continuação da geração amorosa como o Pai eternamente
gera o Filho. Ainda não contemplamos o suficiente a geração de uma criança.
Parece fruto do acaso, quando é participação na ação criadora de Deus. Bastaria
esse pensamento para engrandecermos a criança, obra de uma ação humana,
profundamente divina. Ela enriquece o quadro da espiritualidade matrimonial.
Mesmo que o casal não tenha filhos, a criança faz parte do ser família. Como há
um Filho na família de Deus e sem Ele não compreendemos a Trindade, assim a
criança em nossas famílias.
311.
Criança, estímulo ao amor
O matrimônio se edifica humana e
espiritualmente na entrega mútua. O filho, que é fruto dessa entrega, atrai a
si a atenção dos pais que a ele se entregam com totalidade, superando as
próprias capacidades. Essa entrega se constitui em um modo de vida, como dizem:
“tudo o que fazemos é para os filhos”. É a santidade que acontece no real da
vida. Doar-se é santificar-se. A criança entra no lar como um estímulo ao amor.
É belo ver como se assume uma criança portadora de alguma deficiência. Quanto
catalisa de amor! Eu disse a uma senhora com uma criancinha assim, no colo: “É
o companheirinho?” Ela respondeu? “Com ele nunca sinto solidão”. Recebendo
tanto amor, desde a gravidez, temos crianças que multiplicarão o amor. Vejamos
claramente a grande importância da santidade matrimonial que será uma “fábrica”
de filhos santos. Na vida dos santos lemos: “sua família era muito religiosa”.
Isso supõe amor. E quantos santos se dedicaram à infância!
312.Redimindo
a criança
Vivemos
tempos em que cresce uma atenção muito grande aos direitos da criança. Direito
maior não pode exigir do que ser fruto de um amor. Mesmo, faltando esse, cresça
no amor. O ambiente familiar, comunitário, escolar e de Igreja serão lugares
onde o amor de doação seja a primeira e fundamental escola. No que se refere à
Igreja, ela é o berço divino de seu crescimento na vida. Ingressada nela pelas
águas do Batismo, fortalecida pela força do Espírito Santo, alimentada pela
Eucaristia, abençoada na participação dos diversos sacramentos, a criança
necessita ter seu espaço real e consistente na comunidade da Igreja. Sem isso,
corremos o risco de perder o futuro da Igreja. Se não cresce em volta do altar,
dificilmente se voltará a ele. Crime grandioso contra a Igreja e a humanidade:
não acolher os pequeninos. Os jovens desaparecem porque não foram aceitos como
crianças.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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