Evangelho segundo São Lucas 14,25-33.
Naquele tempo, seguia Jesus uma grande multidão. Jesus voltou-Se e disse-lhes:
«Se alguém vier ter comigo, e não Me preferir ao pai, à mãe, à esposa, aos filhos, aos irmãos, às irmãs e até à própria vida, não pode ser meu discípulo.
Quem não toma a sua cruz para Me seguir, não pode ser meu discípulo.
Quem de vós, desejando construir uma torre, não se senta primeiro a calcular a despesa, para ver se tem com que terminá-la?
Não suceda que, depois de assentar os alicerces, se mostre incapaz de a concluir, e todos os que olharem comecem a fazer troça, dizendo:
"Esse homem começou a edificar, mas não foi capaz de concluir".
E qual é o rei que parte para a guerra contra outro rei e não se senta primeiro a considerar se é capaz de se opor, com dez mil soldados, àquele que vem contra ele com vinte mil?
Aliás, enquanto o outro ainda está longe, manda-lhe uma delegação a pedir as condições de paz.
Assim, quem de entre vós não renunciar a todos os seus bens, não pode ser meu discípulo».
Tradução litúrgica da Bíblia
(1873-1897)
Carmelita, doutora da Igreja
Carta 197 de 1896/09/17
«Quem de entre vós não renunciar
a todos os seus bens,
não pode ser meu discípulo»
Minha querida irmã, porque me pergunta se poderá amar a Deus como eu O amo? Os meus desejos de martírio nada são, não são eles que me dão a confiança ilimitada que sinto no coração. Na verdade, as riquezas espirituais tornam-nos injustos, quando nos apoiamos nelas com complacência julgando que são grandes.Eu sinto que o que agrada a Deus na minha alma é Ele ver que amo a minha pequenez e a minha pobreza, é a esperança cega que tenho na sua misericórdia. Esse é o meu único tesouro. Minha querida irmã, perceba que, para amar Jesus, quanto mais fracos somos, sem desejos nem virtudes, mais preparados estamos para as operações deste Amor consumidor e transformador. Basta o simples desejo de ser vítima, mas é preciso querer ser pobre e desvalido, e isso é difícil porque «onde encontrarei o verdadeiro pobre em espírito? Terei de o procurar bem longe», diz o salmista; não diz que tem de o procurar entre as almas grandes, mas «bem longe», quer dizer, na baixeza, no nada.
Permaneçamos, pois, longe de tudo o que brilha, amemos a nossa pequenez, amemos não sentir nada, e seremos pobres em espírito e Jesus virá procurar-nos; por mais longe que estejamos, Ele nos transformará em labaredas de amor. Como gostaria de poder fazer-lhe entender o que sinto! Será a confiança, e só a confiança, a levar-nos ao Amor. Tendo visto o caminho, percorramo-lo juntas. Sim, eu sinto que Jesus quer dar-nos as mesmas graças, quer dar-nos gratuitamente o seu Céu.
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