terça-feira, 1 de setembro de 2020

REFLETINDO A PALAVRA - “Essa gente boa espalhada pelo mundo!”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
52 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACERDOTE
(Atrás o Padre José Oscar Brandão
missionário e diretor redentorista)
Quem pode ver, pode alegrar-se. No dia 24.01, pudemos ver o Papa João Paulo II rezando com mais de 70 líderes, chefes e grandes homens que servem às grande religiões do mundo. Ali estavam homens e mulheres curtidos pelo Espírito de Deus. Eram eles cristãos católicos, ortodoxos, anglicanos e evangélicos, muçulmanos, budistas, judeus, xintoístas, animistas e outros que não me recordo. Estavam juntos para juntos rezarem. É a segunda vez que assim fazem. Depois de todos os acontecimentos deste final de ano, pudemos ver que a paz é possível. Por isso rezamos para que ela aconteça. 
Se prestarmos atenção, veremos que é uma novidade muito grande. Todas as religiões têm o costume de dizer que só nós prestamos, o resto está perdido. Neste dia 24, o Santo Padre fez um gesto maravilhoso: reuniu os homens que praticam religiões tão diferentes e até opostas. Víamos muçulmanos e judeus juntos. Víamos cristãos e budistas, animistas e crentes em Cristo. Todos convocados a juntos rezar para que haja paz no mundo. Na verdade o Papa estava dizendo: sua oração tem um grande valor e pode transformar o mundo. Todos leram suas mensagens fazendo seu discurso. Depois cada grupo diferente foi rezar suas orações pela paz. Os cristãos, ortodoxos, católicos, evangélicos rezaram juntos, junto ao túmulo de São Francisco, o irmão universal. Todos estavam felizes e se comprometeram fortemente a agir por esta paz.
Então tudo é a mesma coisa? O Papa não afirmou isso, mas disse que todos temos que nos empenhar pela paz e que contamos com a oração de todas as religiões para que esta paz transforme a situação do mundo. Toda oração tem valor, pois quem reza com sinceridade, seja como for, chega a Deus. 
De onde nasce o valor desta oração de todos? Aqui entra uma questão difícil: São Paulo afirma que Cristo é o Senhor de tudo. “Tudo foi criado por ele e para ele. Ele é antes de tudo, nele tudo subsiste” (Col 1,16-17). O Concílio Vaticano II diz que em todos os povos há as sementes do Verbo. Mesmo na evangelização dos assim chamados pagãos, nós vamos ao encontro de Cristo onde Ele já atua de modo misterioso. Isso não é novidade, pois S. Pedro, quando foi à casa de Cornélio e viu a graça de Deus agindo diz: “Verifico que Deus não faz acepção de pessoas, mas que em qualquer nação, quem o teme e pratica a justiça, lhe é agradável” (Atos 10,32). Não se perde o valor da evangelização. Em todas as religiões há coisas muito boas. A missão da Igreja será dizer a cada povo diferente: no seu jardim há flores que ainda não se abriram. Se todos procuram o bem, a justiça e o amor com sinceridade, chegaremos à unidade da fé. 
ARTIGO EM 29 DE JANEIRO DE 2002

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