sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

REFLETINDO A PALAVRA - “E começou a enviá-los”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
51 ANOS CONSAGRADOS
44 ANOS SACERDOTE
E eles foram 
Vimos a situação triste da recusa dos conterrâneos de Jesus. Não o aceitam porque é de sua gente. Jesus, ao enviar os discípulos dois a dois, tem uma atitude inversa acolhendo seus discípulos, gente simples. Pelo visto Jesus fez diversas vezes essa experiência com os apóstolos e os setenta e dois discípulos. Depois de fazerem essa experiência com sua pessoa, fazem a experiência do fruto do ministério, como veremos no próximo domingo. A missão de Jesus era também passar aos outros, o que viera realizar. Após a Ressurreição os discípulos começaram a proclamar dos telhados o que ouviram ao pé do ouvido (Mt 10,27). Jesus não somente os ensina, mas envia-os praticar. Tiveram dificuldades e Jesus já previne: “Se em algum lugar não vos receberem nem quiserem escutar, quando sairdes, sacudi a poeira dos pés, como testemunho contra eles!” (Mc 6,11). O profeta Amós nos testemunha que o ministério do anúncio não vem dos homens, mas de Deus. Não é uma profissão para “ganhar o pão”, como muitos faziam usando a Palavra para bajular os poderosos. Ele era um fazendeiro que tinha ovelhas e plantações Foi a Betel para profetizar, isto é, chamar Israel à conversão. O profeta da “corte” manda que vá buscar seu pão em sua terra. Ele responde: Não sou profeta (de profissão), nem filho de profeta. Eu tenho do que viver. O Senhor me chamou quando eu tangia o rebanho (Am 7,12-15). Vemos a recusa da estrutura religiosa. Anunciar é desafio, também na conversão Igreja. 
Ministério frutuoso
Para Jesus, o que significava anunciar? Quem vai anunciar tem que ser desapegado dos bens materiais. O Evangelho não é fonte de renda. Devem ir de sandália, não são escravos, fazem parte da família. É compromisso. Não é turismo de casa em casa. Os discípulos foram e pregaram a conversão, expulsaram muitos demônios e curaram doentes ungindo-os com óleo. Atinge a pessoa como um todo: as doenças espirituais, o pecado, e as doenças corporais. É dimensão social da pregação. É claro que a sociedade, como era no palácio onde profetizava Amasias, não quer saber de mudança. O Amós era duro em suas palavras contra a vidinha da classe alta, do luxo das madames e da vida esbanjadora dos ricos. Os demônios a serem expulsos são os que pervertem o coração. Quem anuncia tem poder sobre os espíritos imundos. A força da Palavra é transformadora para o bem: “É a paz “que ele vai anunciar... a verdade e o amor se encontrarão, a justiça e a paz se abraçarão”. O bem resultante da pregação vai até à terra onde se planta: “O Senhor nos dará tudo o que é bom, e nossa terra nos dará suas colheita; a justiça andará à sua frente e a salvação há de seguir os passos seus” (Sl 84). O resultado vai até a raiz das plantas. A Palavra cuida da ecologia para não haver fome e miséria. Só o evangelho consertar o mundo.
Abençoados por Deus 
O discípulo é missionário de nossa união com Cristo no Céu. Tem a bênção de Deus: “Ele nos abençoou com toda bênção do seu Espírito em virtude de nossa união com Cristo no céu”. Não podemos ser minimalistas, ficando com uma religião vazia, mas para “sermos santos e irrepreensíveis sob o seu olhar, no amor”. E nos dá a meta que justifica nossos esforços pastorais: “Ele nos fez conhecer o mistério de sua vontade... levar à plenitude o tempo estabelecido e recapitular em Cristo, todo o universo inteiro: tudo o que está nos céus e tudo o que está sobre a terra” (Ef 1,3-10). Esse hino de Paulo é como a síntese de todo o ministério da Palavra que se conclui na Eucaristia que nos alimenta e envia.
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