sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - “Recebei o Espírito Santo”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
51 ANOS CONSAGRADO
44 ANOS SACERDOTE
Santificais a Igreja inteira 
“O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo seu Espírito que habita em nós” (Antífona). Celebramos em grande ação de graças o dom do Espírito. Terminado o tempo de sua vida terrestre, com sua Ascensão, Jesus nos enviou o Espírito Santo. Dissera: “O Paráclito, o Espírito que o Pai enviará em meu nome é que vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos disse” (Jo 14,26). Há dois elementos: ensinar e recordar. Ensinar significa dar aos discípulos o conhecimento do ensinamento de Jesus. Não vai ficar recordando palavras de Jesus, mas tirar da vivência com Jesus Mestre o ensinamento para a vida. Até o momento da Ascensão ainda não tinham compreendido a missão de Jesus. Perguntam: “Senhor, é agora que haveis de restaurar a realeza de Israel?” (At 1,6). Após Pentecostes tudo se torna claro. É a pessoa de Jesus que necessitam conhecer. Dele se aprende. A missão de recordar tem como finalidade despertar do coração o que foi aprendido. Mas também os apóstolos têm a missão de recordar não somente num sentido de lembrança, mas de realização da presença. O termo está ligado ao conceito de “memória” tanto judaico como católico: tornar presente, como Eucaristia. Jesus dissera: “fazei isso em memória de mim” (Lc 22,19). Sempre pensamos na Eucaristia, mas Cristo está sempre presente em tudo o que os apóstolos fazem: “A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados” (Jo 20,23). A missão de Cristo continua atual nos apóstolos e na Igreja. Por isso o Espírito, na celebração de hoje, é santificar a Igreja inteira. Santificar é estar sempre sob o Espírito que ensina e recorda. 
Dons para serem doados 
Colocamos a vida espiritual nas maravilhas que Deus nos trouxe com sua Ressurreição e na riqueza de seus dons. Os dons que o Espírito dá seguem a mesma dinâmica da vida de Jesus no meio de nós: dons são para serem usados para o bem de todos. Temos a tentação de querer uma Igreja igualzinha em todos os detalhes. Paulo nos explica que há diversidade de dons. Os dons são diferentes, e vividos num único Espírito. Cada um tem responsabilidade para com todo o corpo. Todo corpo deve aceitar todos membros, diferentes uns dos outros. É uma grandiosa escola de vida cristã: doar e acolher o dom. A prepotência tem a tendência de nivelar a partir de si mesmo. Só vai dar certo se nos colocarmos como servidores, como Jesus nos ensinou na última ceia: “Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, também vós o façais” (Jo 13,15). Exemplo vai além do simples fazer como Jesus fez, mas continuar a ação de Jesus, num sentido de testamento a ser executado. Esse serviço será a consequência da missão de perdoar. Jesus quer criar um mundo reconciliado que se concretiza no mútuo serviço. Dons são serviço e não poder.
Liturgia do Espírito 
A liturgia é o momento em que o Rio da Vida inunda a comunidade e nos põe em relação com as ações redentoras de Cristo que se fazem presentes em cada sacramento e nas ações da Igreja. Cristo está presente e continua dando o Espírito. Em cada sacramento temos a imposição das mãos. Cada sacramento é momento do Espírito que age na matéria e na comunidade, transformando-a. É chocante como não nos damos conta que cada Eucaristia é Pentecostes. O Espírito que gerou Jesus no seio de Maria, gera-O na comunidade formando o corpo de Cristo. A mesma força divina que faz do pão e do vinho, corpo e sangue de Cristo, faz da comunidade, Corpo de Cristo. Não percamos.

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