quarta-feira, 19 de junho de 2019

Santa Juliana Falconieri, Virgem e Fundadora – 19 de junho

     Juliana nasceu no ano de 1270 em Florença, na Toscana. Ela recebeu muito da vida: a nobreza de linhagem, a riqueza de família, o amor apaixonado dos pais, que tinham esperado tanto o seu nascimento, considerando-a dom do céu e, portanto, merecedora de todas as atenções. Também recebeu a beleza física, propostas atraentes de casamento, uma boa educação. Além de tudo isto, um tio santo, Santo Aleixo Falconieri, que é um dos Sete Fundadores da Ordem dos Servos de Maria.
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     Apesar desta combinação de dons naturais havia quem pensasse que essa menina linda, educada em algodão, como talvez todas as crianças nascidas quando seus pais são de idade avançada, era mais feita para o céu do que para a terra. E não se enganavam. Ela não sabia o que era um espelho, não se preocupava com suas roupas, não mostrava nenhum interesse por joias e prazeres mundanos.  Junto com algumas amigas, cantava e rezava ao Menino Jesus e à Virgem Maria. Devolvia aos remetentes as propostas de casamento, mesmo os mais sérios, que recebia; demonstrava uma inclinação extraordinária para a prática da piedade e pela vocação religiosa.
     Tornou-se Terciária Servita aos 14 anos. Juliana recebeu o apoio de suas amigas aristocratas e com a ajuda dos religiosos, começou a visitar os hospitais e a desenvolver dezenas de atividades caritativas. Estas jovens se organizam e decidem formar sua própria instituição.
     Assim que a mãe, morrendo, a deixou sozinha, ela fundou um mosteiro escolhendo a linha espiritual traçada pelo santo tio Aleixo, a espiritualidade dos Servos de Maria, que já respirava na família e na qual se tinha lançado sob a orientação de outro santo, São Felipe Benicio, vivendo em casa como uma consagrada.
     O exemplo de Juliana é contagioso na cidade de Florença. Ela e suas companheiras herdaram dos Servos de Maria o amplo manto negro e logo foram batizadas pelo povo de “le Mantellate” (algo como “as veladas”). Vivem em contemplação e no exercício da caridade, o jejum completo na quarta-feira e na sexta-feira de cada semana, no sábado se contentam com pão e água; todos os dias passam a maior parte do tempo em oração e meditação sobre as Sete Dores de Maria.
     Solicitou e obteve a aprovação canônica de sua Ordem em 1304.
     A cidade de Florença, onde vivem, estava cheia de nova vida e antigos rancores, dividida pela inimizade e pela discórdia que a cada dia se transformava em vinganças sangrentas. As religiosas assumem a tarefa de rezar e jejuar para serenar os espíritos, para alcançar a paz a seus concidadãos.
     Juliana, em particular, ao jejum e à oração adiciona o dom precioso da sua dor física, especialmente de estômago, que a persegue há vários anos, chegando ao ponto de consumi-la completamente, não lhe permitindo sequer tomar o mais leve alimento.
     É por isso que no dia 19 de junho de 1341, estando ela à morte, foi-lhe negado até mesmo o conforto do viático, porque tinham receio de que ela nem fosse capaz de engolir a Hóstia Consagrada.
     Não podendo comungar, a Santa pediu que uma Hóstia Consagrada fosse colocada sobre o seu peito. Colocaram então a Hóstia num corporal que repousaram sobre seu peito. A partícula – enquanto ela falecia dizendo “Meu doce Jesus, Maria!” – desapareceu, para espanto dos presentes. As freiras só conseguiram resolver o enigma após ela ter falecido: quando estavam recompondo o cadáver, notaram uma manja roxa na altura do coração, do tamanho da Hóstia Consagrada, como se esta tivesse sido gravada em seu corpo. É a marca que ainda hoje as Mantellate têm impressa no seu hábito religioso, em memória do milagre da “última comunhão” de sua fundadora.
     Foi beatificada em 8 de julho de 1678 pelo Papa Inocêncio XI, ele mesmo um terciário da Ordem dos Servos de Maria; e canonizada pelo Papa Clemente XII em 16 de junho de 1737, por ocasião em que foram canonizados São Vicente de Paula, São Francisco Régis e Santa Catarina de Gênova.
     Santa Juliana Falconieri é celebrada em 19 de junho e é invocada especialmente contra as dores de estômago. Seu corpo é venerado na Basílica da Santíssima Anunciação de Florença.


Corpo incorrupto de Sta. Juliana Falconieri

https://www.pildorasdefe.net/santos/celebraciones/santoral-catolico-santa-juliana-falconieri-patrona-enfermos-19-junio
Autor: Gianpiero Pettiti - www.santiebeati.it/

 A Ordem dos Servos de Maria
     Deus costuma suscitar fundadores, Ordens e Congregações religiosas em função das necessidades de cada época. E poder-se-ia dizer que o demônio, além de instigar tanto indivíduos quanto instituições ao vício e ao pecado, também cria condições para o aparecimento de heresiarcas e heresias, as quais, por vezes, constituem caricaturas de movimentos de sadia reação católica contra os vícios característicos de uma fase histórica.
     Pouco antes de surgir a Ordem dos Servos de Maria, em 1206, São Domingos de Gusmão pregou no sul da França contra os hereges albigenses, cátaros, e pátaros valdenses – propugnadores de uma falsa virtude da pobreza – tornando-se ademais grande difusor da devoção mariana mediante a recitação do rosário.
     E São Francisco de Assis, em 1209, começou sua pregação itinerante desposando a "dama" pobreza.
     Dois portentosos fundadores, cuja missão era de grande alcance para combater tanto o vício da ganância quanto a caricatura herética da virtude da pobreza, bem como para incrementar a tão necessária devoção mariana.
     Aproximadamente duas décadas depois, sete jovens florentinos são diretamente convocados pela Mãe de Deus para complementar e reforçar a obra providencial realizada por São Domingos e São Francisco. De fato, essa é a verdadeira perspectiva na qual deve ser compreendida a espiritualidade e a atuação dos Sete Fundadores e de sua família espiritual.
    A Ordem dos Servos de Maria (sigla O.S.M.) é uma ordem religiosa mendicante de frades dedicados a uma devoção particular a Nossa Senhora das Dores. Os seus membros religiosos são normalmente chamados de Frades Servos de Maria ou, simplesmente, Servitas.
     Inicialmente foram Sete Santos Fundadores da Ordem dos Servitas, festejados coletivamente pela Igreja em 17 de fevereiro, e cujo nome completo de um deles era Alexis Falconieri e os outros seis tinham como sobrenomes: Monaldi, Manetto, Buonagiunta, degli Amidei, Uguccioni, Sostegni. Todos pertenciam a um grupo de poetas da região umbrotoscana que costumavam fazer versos (laudes) diante de uma imagem de Nossa Senhora e, em 15 de agosto de 1233, Ela milagrosamente apareceu-lhes toda dolorosa por causa das lutas fratricidas de Florença entre os Guelfos e os Gibelinos.
     Nossa Senhora escolheu esses sete privilegiados para uma vocação sublime: praticar a pobreza e uma renúncia radical ao mundo, além de severa penitência; e especial devoção a Ela, vinculada às dores que sofreu durante a Paixão de Seu divino Filho.
     Eles pertenciam a estirpes locais das mais notáveis. Com o apoio do Bispo Ardingo, os jovens se retiraram no Monte Senário, de 800 metros de altitude localizado a 18 quilômetros de Florença, para se dedicarem à penitência e à oração num cenóbio.
     Terá sido São Felipe Benício, ao ser eleito seu Prior Geral em 5 de junho de 1267, que reformou os estatutos transformando-a em ordem mendicante.
     Foi igualmente ele, com a colaboração Santa Juliana Falconieri, que era sobrinha do referido fundador desta ordem, Santo Alexis Falconieri, que deram início à Ordem Terceira dos Servitas, sua congênere.

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