Evangelho segundo S. João 8,1-11.
Naquele
tempo, Jesus foi para o monte das Oliveiras. Mas de manhã cedo, apareceu
outra vez no templo, e todo o povo se aproximou d’Ele. Então sentou-Se e começou
a ensinar. Os escribas e os fariseus apresentaram a Jesus uma mulher
surpreendida em adultério, colocaram-na no meio dos presentes e disseram a
Jesus: «Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério. Na
Lei, Moisés mandou-nos apedrejar tais mulheres. Tu que dizes?». Falavam
assim para Lhe armarem uma cilada e terem pretexto para O acusar. Mas Jesus
inclinou-Se e começou a escrever com o dedo no chão. Como persistiam em
interrogá-l’O, ergueu-Se e disse-lhes: «Quem de entre vós estiver sem pecado
atire a primeira pedra». Inclinou-Se novamente e continuou a escrever no
chão.
Eles, porém, quando ouviram tais palavras, foram saindo um após outro,
a começar pelos mais velhos, e ficou só Jesus e a mulher, que estava no meio. Jesus ergueu-Se e disse-lhe: «Mulher, onde estão eles? Ninguém te
condenou?». Ela respondeu: «Ninguém, Senhor». Disse então Jesus: «Nem Eu te
condeno. Vai e não tornes a pecar».
Tradução litúrgica da
Bíblia
Comentário do dia:
Santo Agostinho (354-430),
bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja
Tratado sobre S. João
Os fariseus disseram uns aos outros a
propósito de Jesus: «Ele tem fama de ser verdadeiro, e respira ternura; é no
campo da justiça que temos de O atacar. Vamos trazer-Lhe uma mulher apanhada em
flagrante delito de adultério e recordar-Lhe o que a Lei ordena sobre essa
matéria».
Que responde o Senhor Jesus? Que responde a Verdade? Que
responde a Sabedoria? Que responde a própria Justiça assim posta em causa? Jesus
não diz: «Que ela não seja lapidada», porque não quer opor-Se à Lei. Contudo,
também não diz: «Que seja lapidada», porque não veio para perder o que tinha
encontrado, mas para procurar o que estava perdido. Que responde então? Vede
como Ele estava cheio ao mesmo tempo de justiça, de ternura e de verdade: «Quem
de entre vós estiver sem pecado atire a primeira pedra». Resposta de sabedoria,
que os faz entrar em si mesmos! As suas manobras eram exteriores, mas não
olhavam para o fundo do seu próprio coração. Viam a adúltera, mas não se
observavam a si mesmos. [...]
Esta é a voz da justiça: que a culpada
seja punida, mas não por culpados; que a Lei seja executada, mas não por quem
viola a Lei. [...] Feridos por esta justiça como pelo ferro de uma lança, eles
entraram em si mesmos e, descobrindo-se pecadores, «foram saindo um após outro».
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