Se
quisermos entender o sentimento de Jesus, aquele que o movia em todas as
situações, podemos dizer que é a compaixão. Jesus não tinha dó do sofrimento do
povo. Sentir dó não resolve nada. Ele o sentia na pele e no coração. É o que
rezamos no salmo 144: “Misericórdia e piedade é o Senhor, Ele é amor, é
paciência, é compaixão... sua ternura abraça toda a criatura”. Os milagres de
Jesus não eram espetáculo para divertir o povo faminto. Essa era a mentalidade
do império romano: pão e circo. É ópio do povo. A compaixão era a expressão de
seu coração e o sentido de sua missão. O Pai, dando-nos Jesus, no-lo deu como
afeto de quem se compromete: “Deus amou tanto o mundo que entregou seu Filho
único para que todo o que nele crer não pereça mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). Deus enviou
seu Filho para salvar o que estava perdido, como refletimos nas parábolas do
pai amoroso e o filho perdido, a ovelha perdida, o milagre dos pães. O profeta
Isaias anuncia um tempo novo no qual Deus fará uma aliança eterna com o povo
mantendo as graças concedidas a Davi. Deus é fiel. Jesus vem como expressão
desta fidelidade, confirmando essa aliança eterna. Seu sangue derramado, como
rezamos na consagração na Eucaristia, é o sangue da nova aliança. A aliança
eterna vai além de um simples contrato, ela é firmada e garantida pelo sangue
do Filho de Deus, Jesus. Ele é a gratuidade abundante de Deus. Ele é a redenção
abundante. A multiplicação dos pães é a expressão da abundância de Deus e mostra
também nossa pequenez: só temos cinco pães e dois peixes. Não temos a solução.
Jesus, abundância de Deus, é a solução. A multiplicação dos pães e o livro do
Profeta Isaias são explicados pelo refrão do salmo da liturgia deste domingo:
“Abris a mão e saciais os vossos filhos”. Jesus, tendo se “repartido”, é
redenção.
Nada
nos separa do amor de Cristo
Paulo reflete, na carta aos
Romanos, o que era sua vida e nos dá garantias do grande amor de Deus. Tendo
sido tocado pelo amor de Deus, anuncia-O com toda a força e garantia: Nada nos
separará do amor de Deus por nós em Cristo. Como aliança, esse amor é perpétuo,
total e incondicional. Deus nos ama parque é Amor. E amor é gratuidade. Esta
gratuidade em Cristo é marcada pela compaixão que doa a vida. Paulo tem essa
certeza e, por ela, se põe totalmente a
serviço do Evangelho. E, se é vencedor em tudo, é graças Àquele que nos amou (Rm 8,37). A missão
fundamental de Jesus foi manifestar o amor de Deus. Jesus não recua diante das
dificuldades. Paulo fez o mesmo.
A
vida multiplicada
Jesus, por sua Vida, Morte e
Ressurreição, tornou-se a resposta amorosa de Deus. Ele repartiu conosco seu
Corpo, sua Vida e nos ensinou a partilhar para que haja a multiplicação e a
abundância gratuita da aliança eterna. Tocados pelo amor de aliança eterna,
manifestado em Cristo, todos somos convocados a continuar a compaixão de
Cristo. Jesus inaugura o Reino como uma vida nova. Esta se rege pelo amor
compassivo de Deus. Este amor é a Vida de Deus em nós. Quanto mais partilharmos
com os irmãos, mais o amor de Cristo será fecundo em nós. O episódio da
multiplicação dos pães, mais que um milagre é um modo de fazer milagres que
Jesus deixou. Se tivermos sua compaixão, faremos milagres. Jesus deu todas as
condições de um mundo melhor. Basta usar.
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