Jesus
é o caminho. Mesmo sem conhecê-lo, Ele permanece o único caminho. Como os
discípulos seguiam seus passos, assim o seguimento de Jesus é a base da vida
espiritual. Aderir pela fé a sua Pessoa é assumi-lo como o caminho. Diz Ele: “Eu
sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim, (Jo,14,6). Isso
significa que Ele, conhecido ou não, é o único modo de se encontrar o Pai. Um mestre entre os judeus perguntou a Jesus
sobre qual era o maior mandamento. Vendo que respondera bem, Jesus lhe diz:
‘Não estás longe do Reino de Deus”’ (Mc 12,34). Mesmo não tendo a verdade total, se aproxima dele.
Isso nos faz mais unidos. Na medida em que soubermos ver nos outros a ação da
graça de Deus, podemos ver quanto o Reino penetrou o mundo. Onde se vive a
justiça, o amor e a paz, ali está o Reino de Deus e a presença salvadora de
Cristo. Assim há muitos meios de seguir Jesus. Esse caminho não pode ser utilizado
em favor de si próprio mas em favor de Cristo Jesus. Às vezes a gente se serve
de Jesus e não serve a Jesus.
985. A
mesma Verdade
Há
diversos modos para aprofundar o conhecimento e a relação com Jesus Cristo. É
como uma escada em caracol. Subimos e, em cada degrau, há uma visão diferente.
Não se trata de ter um Cristo sob nosso modo de entender, mas Aquele que Deus
nos deu. São Paulo diz: “Se alguém - mesmo que seja nós mesmos ou um anjo do
céu – vos anunciar um evangelho diferente do que vos anunciamos, seja excomungado”
(Gl 1,8). Em
todos os séculos surgiram na Igreja movimentos espirituais. Ultimamente eles se
tornaram até um modo de ser Igreja. Não apresentam uma doutrina diferente, mas
acentuam aspectos diferentes da mesma verdade. É muito boa essa diversidade,
pois o Espírito de Deus abre caminhos para aprofundarmos aspectos que ficaram esquecidos
com o correr dos tempos. Referimo-nos às Ordens Religiosas e Congregações. Elas
acentuam aspectos do Evangelho, como por exemplo: S. Francisco buscou a
pobreza; Santo Inácio a obra missionária; S. Vicente de Paulo acentuou a
caridade para com os pobres. Os movimentos atuais trazem riquezas e um
conhecimento mais aprofundado de Cristo. É o mesmo Cristo. Há grupos que pensam
que só existe aquele modo de ser de Cristo. Não se pode dizer que só o seu é
verdadeiro. Há o risco de usar Cristo para aprovar as próprias idéias, sem
coerência com o Evangelho. Não podemos pegar frases soltas. Por isso temos a
Tradição, o Magistério e a Teologia que buscam orientar na coerência evangélica.
956. A
mesma Vida
O caminho espiritual não são
práticas devocionais, mas é a vida de comunhão com Deus em Cristo e com os
irmãos no amor. Acima de idéias, teologias e ensinamentos, está a vida em
Cristo. Nós nos perdemos em fazer coisas espirituais e nos esquecemos de ser em
Cristo. Isso empobrece o caminho espiritual. A vida em Cristo nos leva a
compreender a verdade e fazer o caminho. Daí surgirão práticas devocionais coerentes
com a verdade. A devoção é muito boa. É preciso, contudo, salientar mais que a
Vida de Cristo é a fonte. É preciso conhecer a Verdade e transformá-la em vida
para fazer o caminho. Os diversos caminhos espirituais devem convergir todos
para a Vida. Jesus nos dá um modo de realizar bem esse processo: “Assim, o
discípulo do Reino é como o pai de família que tira de seu tesouro coisas novas
e velhas” (Mt 13.52).
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