segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Amor partido”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
1846. Divórcio – uma situação
Já há tempo refletimos sobre a Exortação do Santo Padre, Papa Francisco sobre o matrimônio – Amoris Laetitia – A Alegria do Amor. No capítulo sexto, nº 241-152, trata do divórcio. É interessante e comovente o carinho e o respeito que o Papa devota aos divorciados e separados.  Sempre procura o lado positivo. Não condena, mas estimula a viver bem e chama a comunidade apoiar em todas as circunstâncias. Não nega a indissolubilidade do matrimônio, mas sabe entender a situação de cada um, sempre com misericórdia e numa atitude curativa. Os separados e divorciados recebiam um tratamento de pecador público. Há um sentimento comum, e há os que assim dizem, que os separados não podem comungar. Podem sim. Outra é a situação do recasados. Estamos diante de uma das grandes polêmicas do momento. Grupos conservadores têm maltratado o Papa. Seria bom ler o texto na íntegra, pois é muito rico. Resumindo diz que há casos em que é inevitável separação. Por exemplo: injustiça, violência, defesa dos filhos, exploração, indiferença... Diz: “Mas deve ser considerado um remédio extremo, depois que se tenham demonstradas vãs todas as tentativas razoáveis!” (AL 141). Diz também: “As pessoas divorciadas que não voltaram a casar devem ser encorajadas a encontrar na Eucaristia alimento que a sustente nesse seu estado” (AL 243). A comunidade deve dar apoio, sobretudo se há pobreza. Mais ainda, diz que os divorciados “devem sentir que fazem parte da Igreja e não estão excomungados”(AL 243). Isso não destrói a doutrina sobre o casamento.
1847. Soluções
             Além de ser sensível ao sofrimento das pessoas separadas, é sensível também à solução da situação através da declaração da nulidade. Não anula o casamento. Declara que foi nulo. Os fiéis têm direito à justiça. A pastoral familiar deve entrar na questão dos divorciados, pois seu número cresce dia a dia. Por ai vemos a necessidade de preparar o casamento. Para muitos que se casam na Igreja, o que vale é só o espetáculo. Nas separações o Papa lembra que os filhos não podem ficar reféns da situação. Não sejam usados. “É irresponsável arruinar a imagem do pai ou da mãe para monopolizar o afeto do filho, se vingar ou defender... isso provocará feridas difíceis de curar” (AL 145). Os pais divorciados devem ser integrados na comunidade para continuarem a educação religiosa dos filhos. A assistência religiosa pode curar as feridas (AL 246).
1848. Situações complexas
            Lembra ainda o documento papal a questão dos casamentos mistos: católico com evangélicos ou com não batizados. São os casamentos mistos. O Papa diz que “se convém valorizar quer pelo seu valor intrínseco, quer pela ajuda que podem dar ao movimento ecumênico” (AL 247). A respeito da comunhão dos cônjuges, sigam-se as normas já dadas pelo Conselho da Unidade dos Cristãos em 25 de março de 1993. Quanto aos casamentos com não batizados, “eles representam um lugar privilegiado de diálogo inter religioso” (AL 247-248). Quanto a esses, pedem que a liberdade religiosa seja respeitada. Com respeito às situações pessoais de outras tendências, a Igreja pede respeito e é contra toda discriminação. Não se pode fazer a equiparação com desígnio de Deus sobre o matrimônio e a família (AL 251). Cada um, em sua condição e situação pessoal, é chamado a fazer um caminho de santidade que não é de repressão, mas libertação. Refere-se por fim aos filhos onde falta o pai ou a mãe. A comunidade deve ser a família ampliada que dá suporte e afeto. Lembra as famílias pobres que sofrem com uma morte ou separação sejam apoiadas. 

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