Evangelho segundo S. Marcos 10,17-27.
Naquele
tempo, ia Jesus pôr-Se a caminho, quando um homem se aproximou correndo,
ajoelhou diante d’Ele e Lhe perguntou: «Bom Mestre, que hei-de fazer para
alcançar a vida eterna?». Jesus respondeu: «Porque Me chamas bom? Ninguém é
bom senão Deus. Tu sabes os mandamentos: ‘Não mates; não cometas adultério;
não roubes; não levantes falso testemunho; não cometas fraudes; honra pai e
mãe’». O homem disse a Jesus: «Mestre, tudo isso tenho eu cumprido desde a
juventude». Jesus olhou para ele com simpatia e respondeu: «Falta-te uma
coisa: vai vender o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no
Céu. Depois, vem e segue-Me». Ao ouvir estas palavras, o homem ficou abatido
e retirou-se pesaroso, porque era muito rico. Então Jesus, olhando à sua
volta, disse aos discípulos: «Como será difícil para os que têm riquezas entrar
no reino de Deus!». Os discípulos ficaram admirados com estas palavras. Mas
Jesus afirmou-lhes de novo: «Meus filhos, como é difícil entrar no reino de
Deus! É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico
entrar no reino de Deus». Eles admiraram-se ainda mais e diziam uns aos
outros: «Quem pode então salvar-se?». Fitando neles os olhos, Jesus
respondeu: «Aos homens é impossível, mas não a Deus, porque a Deus tudo é
possível».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
Leão XIII (1810-1903), papa
Encíclica Rerum Novarum, 20
Que os deserdados da sorte aprendam da
Igreja que, segundo o julgamento do próprio Deus, a pobreza não é um opróbrio e
que não é preciso corar por se ter de ganhar o pão pelo trabalho. É o que Jesus
Cristo Nosso Senhor confirmou pelo seu exemplo, Ele que, «sendo tão rico, se fez
pobre» para salvação de todos os homens (2Cor 8,9). Ele, o Filho de Deus e Ele
próprio Deus, quis passar aos olhos do mundo pelo filho de um operário; foi ao
ponto de consumir uma grande parte da sua vida num trabalho remunerado. «Não é
este o carpinteiro, o filho de Maria?» (Mc 6,3)
Quem tenha sob o olhar o
modelo divino compreenderá que a verdadeira dignidade do homem e a sua
excelência residem nos seus costumes, quer dizer na sua virtude; a virtude é o
património comum dos mortais, ao alcance de todos, pequenos e grandes, pobres e
ricos; só a virtudes e os méritos, onde quer que se encontrem, obterão a
recompensa da beatitude eterna. Mais, é para as classes desafortunadas que o
coração de Deus parece inclinar-se mais. Jesus Cristo chama aos pobres
bem-aventurados (Lc 6, 20); Ele convida com amor todos aqueles que sofrem e que
choram a virem a Ele, para os consolar (Mt 11, 28); Ele beija com uma caridade
mais terna os pequenos e os oprimidos. Estas doutrinas são certamente feitas
para humilhar a alma altiva do rico e o tornar mais compassivo, para elevar a
coragem dos que sofrem e lhes inspirar confiança.
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