PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
“Jesus veio para os fracos”
Coração
de Pai
A parábola do filho perdido e do pai
misericordioso ensina o que acontece na experiência de vida cristã. A parábola não
é uma história. É o método que Ele usa para fazer um ensinamento que toca a
todos. O Senhor é acusado pelos fariseus e pelos os mestres da religião que acusavam Jesus de acolher publicanos e
pecadores e comer com eles. Isso significa fazer-se igual. Na parábola lemos
que o filho tinha tudo em casa, decidiu partir e viver na boa vida. Caiu na
miséria total. Para matar a fome empregou-se como guarda de porcos (pior
profissão). A situação era grave, pois nem a comida dos porcos podia comer.
Nesta situação caiu em si e viu o que fizera e o que perdera. Queria voltar só
para ter comida. Não se achava mais digno de ser digno de miséria e por outro o
pai que não o deserdara de seu coração. Temos o processo de volta e a festa que
o pai fez. Jesus contou essa parábola para dizer que seu relacionamento com os
pecadores era o mesmo que esse pai tinha com seu filho perdido. Suas atitudes
de acolhimento e convivência com os pecadores são o exemplo para todos. Do
contrário teremos a atitude do irmão mais velho que recusa a atitude do pai
acolhedor. Recusou a fraternidade dizendo: “Este teu filho”. O pai retruca:
“Este teu irmão”. A redenção que celebramos na Páscoa é a proclamação da
misericórdia do Pai que acolhe a todos e que, em seu Filho, mostra seu coração
amoroso. Na Igreja predomina muito a rejeição dos pecadores, excluindo-os da
vida da comunidade e dos bens que a Igreja tem para a salvação. Jesus veio
salvar o que estava perdido (Mt 18,11). Os sãos não precisam de médico (Lc 5,31). Esses não
se convertem. A parábola é um caminho a ser seguido.
Páscoa
do dia a dia
Celebramos a festa da Páscoa. A celebração não se reduz a
ritos. Os frutos da Páscoa perduram para todo o ano. Os judeus entraram na
terra prometida e celebraram a Páscoa. O maná parou de cair do céu e comeram os
frutos da terra (Js
511-12). É uma alerta a levamos a Páscoa ao dia a dia. Chega de viver de
milagres. A leitura de 2ª Coríntios lembra que somos novas criaturas e que o
mundo velho desapareceu. Tudo agora é novo a partir da reconciliação que Cristo
realizou e nos confiou (2Cor
5,17-18-19). O fruto da Páscoa penetra todos os espaços do mundo. Paulo
insiste: “Deixai-vos reconciliar com Deus” (id 20). Com o Salmo podemos rezar: “Todas as
vezes que busquei o Senhor, Ele me ouviu, e me livrou de todos os temores (Sl 33). Se estamos na
situação do filho pródigo, é momento de um exame, acreditar na bondade do Pai e
retornar a casa. Se somos como o irmão mais velho que recusa, é preciso
conversão. Jesus mostra o coração do Pai que acolhe os pecadores.
Caminhar
para as festa
A
oração da missa convida-nos a correr ao encontro das festas que se aproximam,
cheios de fervor e exultando de fé. Não podemos passar descuidados, mas
aprofundar o conhecimento de Cristo e corresponder a seu amor por uma vida santa
(Oração do 1º Domingo).
Conhecer Jesus é ter seus sentimentos e sua mentalidade e caminhar como Ele
caminhou (1Jo 2,6).
Ele acolhe os pecadores porque tem o mesmo coração do Pai, não do filho mais
velho. Ele vai ao encontro dos pecadores e sofredores. Assim deve ser a
pastoral: Uma Igreja voltada para quem precisa. Cuidamos dos que já são santos,
levando a que assumam a mesma atitude de Jesus. Do contrário, não entendemos as
riquezas que temos por estar sempre na casa do Pai. Seremos como o irmão mais
velho.
Leituras:Josué 5,9ª.1-12; Salmo 33;2ª
Coríntios 5,17-21;Lucas 15,1-3.11-32.
Ficha nº 1524 - Homilia do 4º Domingo da Quaresma (06.03.16)
1.
Jesus conta a
parábola do pai misericordioso para mostrar que sua atitude de receber os
pecadores é o modo de ser do Pai. Assim também deve ser a Igreja.
2.
A Páscoa não é só um rito, mas penetra em nossa vida no
dia a dia. Nada de viver de milagre que vem do Céu. Somos novas criaturas.
Reconciliados, anunciamos a reconciliação.
3.
Somos convidados a correr ao encontro das festas que se
aproximam. É tempo de conhecer Jesus para ter seus sentimentos e sua
mentalidade. Assim a pastoral se faz em vista dos frágeis e pecadores. Os
santos devem entrar nessa mentalidade.
Porta sem chave
Jesus
não conta uma parábola que não seja de sua experiência. Contando a parábola do
pai misericordioso, que costumamos chamar de “filho pródigo”, ensina que já no
Antigo Testamento Deus libertara o povo do Egito e o introduzira na terra
prometida. A terra prometida para Jesus é o coração do Pai.
Com sua morte Jesus está sempre
convidando a nos reconciliarmos com Deus, pois Ele já fez por nós o caminho de
volta para Deus. O Pai do Céu acolhe Jesus e Nele a todos nós.
Jesus quis mostrar com a parábola do Pai
amoroso que a atitude dos fariseus era contrária ao modo de Deus agir: O pai
perde o filho para o mundo, mas mantém a porta de sua casa e mais ainda, do
coração, sempre aberta ao filho que volta. Diferentemente é o irmão mais velho
que não o considera mais irmão e não o quer em casa. O pai quer os dois, mas
está feliz porque o perdido foi encontrado e o morto voltou a viver. Assim é o
Pai do Céu que quer todos, mesmo os que se perderam. E mais ainda estes. Não
podemos ser o irmão que recusa o irmão.
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