Severo I (em aramaico: Sewerios ) teve papel importante na definição e orientação da Igreja de Antioquia. Sua formação foi definida num mosteiro em Trípoli na Fenícia (atual Líbano) com um profundo senso espiritual. Viajou para Alexandria, no Egito e lá também morou e estudou em um mosteiro. Além de passar seu tempo em estudo, dedicou também muito tempo em devoção e contemplação e quando foi servir em
Antioquia, seguiram-no duzentos monges de diversas regiões da África, principalmente egípcios. Em 512 foi coroado patriarca de Antioquia.
A biografia de Sewerios traz alguns dados interessantes. Seu avô paterno também portava o nome de Severo e foi epíscopo em Sozópolis (fica na atual Antalya, Turquia ocidental). Em 431, esse seu avô participou do Concílio de Éfeso. Daí se depreende a sua ligação com a ortodoxia. Seu pai foi senador do Império Bizantino e por isso sua educação foi das mais apuradas: por um lado, conhecia os clássicos gregos e por
outro era um devoto do cristianismo oriental. Quando foi a Alexandria, impressionou os coptas com seus conhecimentos dos clássicos gregos e ao mesmo tempo, foi introduzido aos escritos de S. Basiléu (Basselios, em aramaico) e de Gregório de Nazianzus (Greghorios ed nadsiansus).
Defendia as idéias de Dióscoro (Diosqoros, em aramaico) com uma retórica e lógica incomparáveis. Em 518, o novo imperador, Flaviano, intimou-o a ir a Constantinopla. Quando lá chegou, Flaviano o pressionou para aceitar os dogmas de um Concílio que os siríacos se recusavam a aceitar. Severos resistiu e Flaviano procurou condená-lo até mesmo à morte, porém, a esposa de Flaviano, a imperatriz Teodora alertou Severo da intenção da corte. Essa imperatiz, por sua vez, era filha de um padre siríaco da Igreja de Antioquia. Severo então conseguiu escapar ileso. Em seguida, o imeprador declarou vaga a cátedra de Antioquia e nomeou um patriarca que aceitava a forma como Roma e Bizâncio apresentavam a natureza de Cristo (conhecida como os dogmas do Concílio de Calcedonia).
Sewerios viajou ao Egito e lá escreveu diversas cartas explicando a diversidade dessas teses, em grego (no Egito, a maioria do povo falava o idioma grego e também uma mistura da antiga língua egipcia com a grega, conhecida como língua copta). Hoje, somente uma pequena parte desses escritos estão preservados em grego, a maioria existe em aramaico (siríaco). Enquanto isso, a Igreja Siríaca de Antioquia sofria as
perseguições do imperador que pensava estar certo. Nesse tempo surgiu na Síria um bispo chamado Tiago Baradeus (em aramaico: Yaaqüb Buredoono) que pregava o caminho dado por Sewerios. Imediatamente, Sewerios nomeou Tiago Baradeus como responsável pela pregação da ortodoxia e assim, Tiago Baradeus tornou-se o grande sustentáculo da ortodoxia na Síria, Fenícia, Mesopotâmia e Pérsia.
Dezessete anos depois Sewerios voltou a Constantinopla e discutiu a questão com o patriarca de Constantinopla, Antímo (em aramaico é conhecido por Anthimos) o qual percebeu que o imperador Flaviano estivera errado e que Sewerios, durante todo esse tempo, mesmo perseguido, vilipendiado e injuriado, estava certo, porém, já não era mais possível erradicar completamente o “erro” e o cisma que permaneceria. Isso foi em 536 d.C.
No início de 538 d.C., Sewerios faleceu.
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