sábado, 29 de agosto de 2015

REFLETINDO A PALAVRA - “O amor cura todos os males”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Religião curta e mesquinha
            Jesus, sempre movido pelo Espírito Santo, mistura-se com o impuro, tocando os leprosos, mortos e os doentes. Não pode assim prestar culto a Deus, que exige a pureza ritual. Quando a pecadora toca-lhe o corpo, beija-o, lava com as lágrimas, enxuga com os cabelos e unge com perfume precioso, torna-se mais ainda um fora da lei. Simão, fariseu conhecedor e cumpridor da lei, ao ver aquela cena duvida de Jesus: “Se esse homem fosse um profeta, saberia que tipo de mulher está tocando nele, pois é uma pecadora” (Lc 7,39). Raciocina: Um homem de Deus conhece a maldade das pessoas. Jesus mostra que é um homem de Deus, pois além de saber onde está a raiz do mal, que é o orgulho e a falsa religião, conhece também a raiz do bem que é o amor. Propõe então a parábola do credor e os dois devedores perdoados. Um devia 100 e outro 10. Os dois foram perdoados. Quem o amará mais? - ‘A quem mais se perdoou’ - responde Simão. Jesus vira o quadro e mostra o que Simão não fez, e que era o dever de hospitalidade. A mulher o fez por amor. Jesus acrescenta: “Os muitos pecados dela estão perdoados porque ela mostrou muito amor. Aquele a quem se perdoa pouco, mostra pouco amor” (47). Jesus, por sua atitude interior de “verdadeira religião”, reconhece que a mulher teve confiança na graça que a moveu a ir até Ele. Jesus proclama que junto do amor está a fé: “Tua fé te salvou. Vai em paz!”. O amor é a fonte da verdadeira religião. Simão tem uma fé baseada em práticas exteriores, mas o coração não entende as pessoas como Deus as vê. Assim podemos ver na Igreja que só o exterior não basta. “Os pecadores e as prostitutas vos precedem no Reino” (Mt 21,31).
Liberdade do perdão
A atitude de Jesus e da mulher são chocantes. A mulher faz um gesto forte e mesmo ousado. Jesus aceita serenamente. O fariseu recusa. É belo ver a liberdade de Jesus: Acolheu a maneira de manifestar amor. Amor não é um conceito. Tem carne. O perdão que Jesus dá vai além das palavras. Seus gestos são de amor, correspondendo ao que recebia. Onde a mulher pecadora achou tanta liberdade? Certamente terá visto Jesus acolher outros e mesmo, quem sabe, já O terá olhado nos olhos. A liberdade veio da confiança que encontrara antes. Somente esse amor poderá levar a dizer o que Paulo diz aos Gálatas: “Eu vivo, mas não eu, é Cristo que vive em mim. Minha vida presente , na carne, eu a vivo na fé, crendo no Filho de Deus que me amou, e por mim se entregou” (Gl 2,20). Esse amor recíproco com Cristo dá razão de viver. Pedro nos convida: “Tendo antes de tudo ardente amor uns para com os outros, porque o amor cobre uma multidão de pecados” (1Pd 4,8).
Mulheres de Jesus
            O seguimento de Jesus é vida: “Todos queriam tocá-lo, porque dEle saia uma força que curava a todos” (Lc 6,19). Lucas (evangelista das mulheres) salienta a presença de mulheres na companhia de Jesus. Foram curadas, encontraram vida no seguimento de Jesus. Isso não era normal entre os rabinos e mestres. A mulher faz parte integrante da missão de Jesus. Elas o serviam. Lendo Atos dos Apóstolos e cartas de Paulo, vemos a grande presença de mulheres evangelizadoras e mães da comunidade. O cristianismo superara o mundo pagão e judeu no respeito à mulher. Quem sabe devêssemos voltar a esses textos e repensar o grandioso lugar da mulher na Igreja e sociedade. Paulo afirma: “Não existe homem nem mulher porque todos sois um em Cristo” (Gl 3,28). É a partir de Cristo que se conhece o lugar da mulher na Igreja, e não em uma cultura, qualquer que seja.

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