domingo, 23 de agosto de 2015

Homilia do 21º Domingo Comum (23.08.15) “Palavras de Vida Eterna”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Palavra dura de escutar
A opção por Cristo não um peso, mas uma libertação. É uma escolha que exige deixar os muitos deuses. Josué continua na disposição de servir o Senhor. Ao escolher Jesus, os discípulos são desafiados a um novo modo de vida a partir de Jesus. Isso exige fé e entrega. No ensinamento sobre o Pão da Vida, muitos dos discípulos que O escutaram disseram: “Esta Palavra é dura! Quem pode escutá-la?” O sentido dessa palavra (dabar), em hebraico, significa duro de compreender e de escutar. É dura porque envolve ver e praticar. Era abominável para o judeu beber sangue e comer a carne de alguém. Em segundo, como aceitar que um homem como nós se põe como Deus? Vemos na prática que os cristãos mantêm a recusa dessas palavras duras e não se aproximam da Eucaristia. Pior, é tomar a Eucaristia sem perceber sua intensidade espiritual e a conseqüência humana. Se eles se escandalizaram com o discurso do Pão da Vida, mais ainda se escandalizarão quando Jesus subir ao Céu. Como um homem pode ir ao Céu glorificado?  Jesus responde a esses questionamentos apresentando que o que se refere a Deus, somente se entende a partir do Espírito Santo. Afirma: “O Espírito é que dá vida, a carne não adianta nada” (Jo 6,63). Somente o Espírito pode fazer-nos compreender que a Eucaristia, pão e vinho consagrados, são o Corpo e Sangue do Senhor Jesus em seu Mistério Pascal de vida, morte e ressurreição. Por isso Jesus ensina: “As palavras que digo são espírito e vida” (63). Ninguém pode vir a mim, a não ser que lhe seja concedido pelo Pai (65). Até entre os discípulos mais próximos, os apóstolos, há os que não acreditavam apesar de tudo o que Jesus demonstrara.
Tu és o Santo de Deus
         Ao ver que muitos se afastavam Dele, pergunta aos discípulos: “Vós também não quereis ir embora?” (67). Em nome de todos Pedro responde: “A quem iremos, Senhor? Só Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que Tu és o Santo de Deus” (Jo 6,68-69). É a entrega de fé. É a resposta a todo o mistério da Eucaristia. Assim foram também as palavras de Josué: “Nós serviremos ao Senhor porque Ele é nosso Deus” (Js 24,18b)  Nós imploramos para dar a mesma resposta: “Dai ao vosso povo amar o que ordenais e esperar o que prometeis, para que, na instabilidade deste mundo fixemos nossos corações onde se encontram as verdadeiras alegrias” (Oração). Deus não obriga a servi-Lo como diz Josué: “Se vos parece mal servir ao Senhor, escolhei hoje a quem quereis servir: se aos deuses a quem vossos pais serviram na Mesopotâmia ou aos deuses dos amorreus?” (Js 24,15). Nosso Deus faz hoje a mesma pergunta não impondo, mas propondo um caminho. Atualmente vemos que muitos se afastam de Jesus como os discípulos e preferem se entregar a ideologias e aos muitos deuses que a sociedade fabrica.
Fruto da Eucaristia no amor
Reconhecemos que a Eucaristia tem uma força transformante: “Fazei agir em nós o sacramento do vosso amor, e transformai-nos de tal modo pela vossa graça que em tudo possamos agradar-Vos” (Pós comunhão). Não basta receber a Eucaristia. É preciso coerência. Sem isso ela perde o sentido. Não basta por a santa Hóstia na boca, é preciso guardá-la no coração. Paulo, na Carta aos Efésios, orienta a vida dos casais para viver no amor como Cristo Se doa à Igreja e dela recebe a entrega total. Família nasce da Eucaristia, pois não há amor matrimonial que não seja continuação do amor de Cristo. Como Cristo é um com a Igreja, o casal é unidade espiritual e carnal. São espelho do amor de Deus.
Leituras: Josué 24,1-2ª.15-18.18b; Salmo 33; Efésios 5,21-32;- João 6,60-69 
1.       A opção por Cristo não é um peso, mas libertar. É uma escolha que exige deixar os ídolos.  Diante das palavras de Jesus que dizem ser duras, alguns se afastam porque não podem compreender e escutar. Beber o sangue e comer a carne não era possível para eles. Muitos cristãos acham duras essas palavras e se afastam. Quem vai dar condições de entender é o Espírito dado pelo Pai. 
2.       Ao ver que se afastavam Dele, pergunta aos discípulos: “Vós não também não quereis ir?” Pedro responde: “A quem iremos? Só Tu tens palavras de Vida eterna”. Josué disse: “Nós serviremos o Senhor. Nós pedimos a fidelidade”. Deus não impõe, propõe. Não podemos seguir os deuses que a sociedade fabrica. 
3.       Reconhecemos que a Eucaristia tem uma força transformante. Não basta recebê-la é preciso coerência. Paulo orienta os casais para viver no amor como Cristo que se doa à Igreja e a Igreja que se entrega. A família nasce da Eucaristia, pois não há amor que não seja continuação de Cristo.      
                     Prego na parede 
Depois das palavras de Jesus sobre o Pão da Vida, os discípulos começaram a murmurar e disseram que suas palavras eram duras de escutar e compreender. Isso vale dizer obedecer e praticar. Duro vai ser compreender sua subida para o Pai. Aqui entendemos a tentação permanente de negar que Jesus seja Deus e seja a fonte de Vida. Nós vemos essa incompreensão quando percebemos o desinteresse pela participação e recepção dos sacramentos, especialmente a Eucaristia.
Para escutar e compreender é preciso renascer do Espírito Santo. Disse Jesus: “O Espírito é que dá vida, a carne não adianta nada” (Jo 6,63). Jesus diz que alguns não creem. Isso continua existindo. É preciso estar firme na fé e acolher a proposta de Jesus. Isso é como um prego na parede, bem firme.
Pedro dá uma bela resposta em nosso nome, quando Jesus lhes pergunta se eles também não queriam ir embora, sem fé: “A quem iremos, Senhor, só Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos e reconhecemos que Tu és o Santo de Deus!” (Jo 6,68-69). Ainda fica ali a rejeição de um dos escolhidos. É um mistério. O que constituirá a Igreja, mesmo a doméstica, é a fé que se traduz numa vida de caridade e amor. Esse amor une e torna possível a salvação. No Antigo Testamento Josué mostra seu apego ao Senhor, como uma escolha pessoal e firme no Senhor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário