O caminho espiritual
do casamento se enriquece à medida que descobre suas diversas dimensões: alguém
se casa com uma pessoa que pertence a uma família, a uma comunidade e a um povo. A tendência atual
é o isolamento do casal. Se por um lado deva existir uma independência, por
outro, deve-se estar consciente de pertencer a outras comunidades. Ao nascer
entramos em uma comunidade na qual nos desenvolvemos. Quando alguém se casa,
aumenta esse relacionamento. O primeiro passo dessa participação é a família
dos noivos. Um dos desafios é casar as famílias entre si. O texto bíblico
afirma que o homem deixará a casa de seu pai e se unirá a sua mulher. Indica
uma saída de um mundo e a entrada em outro. Adaptar-se
é um desafio pra os noivos. Serão novos costumes, tradições e até temperos de
comida. O matrimônio unirá outra família à sua. O namoro não é tirar o filho da
casa, mas integrá-los de modo que as famílias se unam. É um processo de
multiplicação das energias transformadoras do amor. Vejamos a sabedoria de Deus.
Não se restaura a sociedade como uma massa, mas em suas células. As Santas Escrituras,
desde as primeiras páginas, salientam essa união de pessoas de famílias
diferentes. Deixar a família não é perdê-la, mas compor com elas. Rute, quando instada
por sua sogra Noemi a voltar a sua família, diz: “Trate-me o Senhor com todo o
rigor se outra coisa, a não ser a morte, me separar de ti” (Rt 1,15,17). A
espiritualidade matrimonial gera essa união e dela se enriquecerá.
308. Casados em uma comunidade
Na celebração do
matrimônio há sempre uma grande participação de povo: amigos, parentes e
padrinhos. Está presente a comunidade, nem que seja só pelas testemunhas
qualificadas (sacerdote e testemunhas). É uma bela festa da comunidade. É na
comunidade que os filhos nascem. É ali que vivem, vão crescer e formar sua
família. Jesus fez esta experiência de viver em uma comunidade. Era chamado de
nazareno. Ali freqüentava a comunidade para a oração. A família, pelo
sacramento, é inserida em uma comunidade. No batismo somos inseridos em uma
comunidade. O matrimonio também nos coloca mais profundamente, não tanto numa
comunidade que me recebe, mas numa que eu assumo. Tenho responsabilidade para
com ela. Tanto civil como religiosamente. A participação respeita o jeito de
cada um ser e cada um assume de acordo com seu dom. Casar-se é casar com uma
comunidade. O isolamento é destruidor da família.
309. Teu povo será meu povo
A comunidade
significa também assumir as características de cada realidade, de cada povo.
Vejamos a situação de quem se casa com um estrangeiro. Vivemos sempre como
povo, pois Deus nos criou como povo e como povo nos redime. Jesus teve consciência
de pertencer a um povo, pois até hoje, mesmo na Glória, continua sendo
proveniente de um povo que escolheu para si. A Igreja presente em todos os
povos deve tomar suas cores, suas tradições, seu modo de ser e assim se
encarnar, não perdendo sua realidade de Igreja de Jesus Cristo. Pena que nem
sempre tenha acontecido assim. Rute diz a Noemi que “teu povo será meu povo”.
Assim ela se tornou uma das “avós” de Jesus. É uma estrangeira. As famílias se
unem em uma comunidade que faz parte de um povo. A espiritualidade nos abre a
um universo maior. Somos responsáveis por uma comunidade e um povo. Esse povo e
essa comunidade nos assumem. Realizamos a redenção matrimonial, célula familiar
da Igreja, criando um novo céu e uma nova terra.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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