Evangelho segundo S. Marcos 12,35-37.
Naquele
tempo, Jesus ensinava no templo, dizendo: «Como podem os escribas dizer que o
Messias é filho de David? O próprio David afirmou, sob a ação do Espírito
Santo: ‘Disse o Senhor ao meu Senhor: Senta-Te à minha direita, até que Eu faça
dos teus inimigos escabelo dos meus pés’. O próprio David Lhe chama
‘Senhor’. Como pode ser seu filho?». E a numerosa multidão escutava com prazer o
que Jesus dizia.
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos
Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Catecismo da Igreja Católica
§449-451
«O próprio David Lhe chama Senhor»
Na versão grega dos livros do Antigo
Testamento, o nome inefável com o qual Deus Se revelou a Moisés, Iahweh, é
traduzido por «Kýrios» [«Senhor«]. «Senhor» torna-se desde então o nome mais
habitual para designar a própria divindade do Deus de Israel. É neste sentido
forte que o Novo Testamento utiliza o título de «Senhor» para o Pai, e também -
e aí está a novidade - para Jesus, reconhecido assim como o próprio Deus.
O próprio Jesus Se atribui de maneira velada este título quando
discute com os fariseus o sentido do Salmo 110, mas também de modo explícito
quando Se dirige aos seus apóstolos. Ao longo de toda a sua vida pública, os
seus gestos de domínio sobre a natureza, sobre as doenças, sobre os demónios,
sobre a morte e o pecado demonstravam a sua soberania divina.
É
muito frequente, nos Evangelhos, as pessoas dirigirem-se a Jesus chamando-Lhe
«Senhor». Este título exprime o respeito e a confiança dos que se aproximam de
Jesus esperando que Ele os ajude e os cure; sob a moção do Espírito Santo, ele
exprime o reconhecimento do mistério divino de Jesus. No encontro com Jesus
ressuscitado, transforma-se numa expressão de adoração: «Meu Senhor e meu Deus!»
(Jo 20,28); assume então uma conotação de amor e afeição que se
tornará peculiar à tradição cristã: «É o Senhor!» (Jo 21,7).
Ao
atribuir a Jesus o título divino de «Senhor», as primeiras confissões de fé da
Igreja afirmam, desde o início, que o poder, a honra e a glória devidos a Deus
Pai cabem também a Jesus, por Ele ser «de condição divina» (Fil 2,6) e o Pai ter
manifestado esta soberania de Jesus ressuscitando-O dos mortos e exaltando-O na
sua glória.
Desde o principio da história cristã, a afirmação do
senhorio de Jesus sobre o mundo e sobre a história significa também o
reconhecimento de que o homem não deve submeter a sua liberdade pessoal de
maneira absoluta a nenhum poder terrestre, mas somente a Deus Pai e ao Senhor
Jesus Cristo: César não é «o Senhor«. A Igreja crê [...] que a chave, o centro e
o fim de toda a história humana se encontram no seu Senhor e Mestre.
A oração cristã é marcada pelo título «Senhor», quer se trate do
convite à oração: «o Senhor esteja convosco», da conclusão da oração: «por Jesus
Cristo nosso Senhor», ou ainda do grito cheio de confiança e de esperança:
«Maran atha!» («o Senhor vem!») ou «Marana tha!» («Vem, Senhor!») (1Cor 16,22):
«Amém, vem, Senhor Jesus!» (Ap 2,20).
Nenhum comentário:
Postar um comentário