Evangelho segundo S. Lucas 9,22-25.
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «O Filho do Homem tem de sofrer muito,
ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e pelos doutores da Lei, tem
de ser morto e, ao terceiro dia, ressuscitar.» Depois, dirigindo-se a todos,
disse: «Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, dia
após dia, e siga-me. Pois, quem quiser salvar a sua vida há-de perdê la;
mas, quem perder a sua vida por minha causa há-de salvá-la. Que aproveita ao
homem ganhar o mundo inteiro, perdendo-se ou condenando-se a si mesmo?
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Papa Bento XVI
Audiência geral de
17/02/2010 (trad. © copyright Libreria Editrice Vaticana)
O momento favorável e de graça da Quaresma
mostra-nos o próprio significado espiritual através da antiga fórmula:
«Recorda-te que és pó e pó te hás-de tornar», que o sacerdote pronuncia quando
impõe sobre a nossa cabeça um pouco de cinza. Somos assim remetidos para o
início da história humana, quando o Senhor disse a Adão, depois do pecado
original: «Com o suor do teu rosto comerás o pão, enquanto não voltares à terra,
porque dela foste tirado: tu és pó e pó te hás-de tornar!» (Gn 3, 19)
[…] O homem é pó e pó se há-de tornar, mas é pó precioso aos olhos
de Deus, porque Deus criou o homem destinando-o à imortalidade. Assim, a fórmula
litúrgica «Recorda-te que és pó e pó te hás-de tornar» encontra a plenitude do
seu significado em referência ao novo Adão, Cristo. Também o Senhor Jesus quis
partilhar livremente com cada homem o destino da fragilidade, sobretudo através
da sua morte na cruz; mas infelizmente esta morte, cheia do seu amor pelo Pai e
pela humanidade, foi o caminho para a ressurreição gloriosa, através da qual
Cristo Se tornou fonte de uma graça doada a quantos creem nele e são tornados
partícipes da própria vida divina.
Esta vida que não terá fim já
está a decorrer na fase terrena da nossa existência, mas será levada a
cumprimento depois «da ressurreição da carne». O pequeno gesto da imposição das
cinzas revela-nos a singular riqueza do seu significado: é um convite a
percorrer o tempo quaresmal como uma imersão mais consciente e intensa no
mistério pascal de Cristo, na sua morte e ressurreição, mediante a participação
na Eucaristia e na vida de caridade que da Eucaristia nasce e na qual encontra o
seu cumprimento. Com a imposição das cinzas renovamos o nosso compromisso de
seguir Jesus, de nos deixarmos transformar pelo seu mistério pascal, para vencer
o mal e praticar o bem, para fazer morrer o nosso «homem velho» ligado ao pecado
e fazer nascer o «homem novo» transformado pela graça de Deus.
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