quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

REFLETINDO A PALAVRA - “Reina o Senhor!”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
SACERDOTE REDENTORISTA
NA PAZ DO SENHOR
Jesus ensina o caminho de Deus
 
Jesus recebe mais um ataque dos fariseus, antes de enfrentar a Paixão. Reúnem-se, fariseus e herodianos, grupos de posição política bem contrária. Fariseus são contra a ocupação romana; os herodianos seguem Herodes Antipas que, interessado em poder, agrada os romanos. Os dois grupos se unem e mandam seus seguidores para armar uma cilada a Jesus. O que dissesse seria condenado pelo povo ou pelos romanos que deixavam o povo em uma situação dramática de opressão. É um dilema. O que dissesse seria motivo de condenação. Eles mesmos reconhecem Jesus como um homem verdadeiro, que ensina o caminho de Deus e não se deixa influenciar. Perguntam: “É lícito ou não pagar o imposto ao Imperador, César?”. Jesus pede uma moeda do tributo. “De quem é a imagem e a inscrição?” Pergunta. “De César!” respondem. A resposta descompõe os interlocutores: “Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus!” (Mt 22,16-17). A questão está no núcleo do problema político. Jesus sai do dilema e coloca aquilo que disseram que Ele fazia: “Ensinas o caminho de Deus” (Mt 22,20). Esta resposta de Jesus facilitou a interpretação que levava a dividir o mundo em duas realidades: uma política e outra religiosa, que não devem se misturar. Uma coisa é o civil e político e outra o religioso. Confinava-se a religião na sacristia. É cômodo, pois a fé não dá aquela indicação de Jesus: ‘Devolvam a César o que é dele, e dêem a Deus o que é de Deus, isto é o senhorio sobre todas as coisas, César inclusive. Deve-se primeiro servir a Deus. Os judeus detestavam a moeda do tributo, pois tinha a imagem do imperador, o que era ofensivo a Deus. Dar a Deus o que é de Deus é fazer do homem imagem de Deus, através do acolhimento de seu senhorio de Pai. A inscrição que deve haver é a invocação do nome de Deus. Jesus não se envolve na questão, mas ensina o caminho de Deus. 
Deus dirige os caminhos dos homens 
O povo passara por grande sofrimento indo para o Exílio. Mas Deus não se esquece de suas promessas. Ciro, um rei vindo de longe, toma o poder na Babilônia e, num gesto político, manda de volta os povos deportados com o edito do ano 530. Assim tem a benevolência deles e diminui os inimigos. Manda os judeus de volta com recursos para a reconstrução da cidade e do templo. O profeta vê, nesta atitude a mão de Deus que conduz os caminhos da História. Vemos nessa figura o que significa dar a César o que é de César. O rei assume um papel importante, mesmo sem saber, realiza os desígnios de Deus. Deus dirige os caminhos da História através de homens e mulheres que foram capazes de ajudar no crescimento dos povos. Mesmo não sabendo, foram instrumentos de Deus. 
Além das forças humanas 
Indo além da questão apresentada no texto de Mateus (Mt 22,15-21), compreendemos, com S.Paulo que há uma força superior que vai além de nossas condições: “Nosso Evangelho não chegou até vós somente por meio de palavras, mas também mediante a força que é o Espírito Santo; e isso, com toda a abundância” (1Ts 15b). A renovação do mundo não depende somente dos condicionamentos humanos, mas também da força de Deus que supera nossa compreensão. O grande milagre que Deus faz à humanidade é dar condições para que ela possa, por si mesma, andar adiante com a força do Espírito. Pois o Reino é de Deus e sua alma é o Espírito Santo. A presença do Espírito, na celebração, é a oportunidade de repensarmos nossas atitudes de acolhimento da força de Deus.
Leituras:Isaias 45,1.4-6;Salmo 95;
1 Tessalonicenses 1,1-5b;Mateus 22,15-21. 
1. Fariseus e herodianos, de posição política oposta, unem-se para fazer uma armadilha a Jesus. Mas este conhece seus corações e os desmascara. Perguntam: “É licito ou não pagar o tributo a César”? Jesus pede uma moeda e perguntam de quem é a imagem e a inscrição. Respondem que é de César. Jesus responde: “Daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Interpretou-se esta afirmação como distinção de dois campos diferentes. O que Jesus afirma é a soberania de Deus e que se devolva a este César o que é dele. 
2. A História é campo de Deus. Ele a dirige. Ciro, o rei persa, politicamente, deu liberdade a todos os povos escravizados, conquistando-os pela benevolência. Assim repatriou os judeus e ajudou-os na construção da cidade e do templo. O profeta vê nesta atitude o Deus que dirige os caminhos da História. 
3. A pregação do Evangelho é seguida de uma força superior que é o Espírito Santo. A renovação do mundo depende dos condicionamentos humanos, mas também da força de Deus. O grande milagre de Deus é dar condições para que ela possa, por si mesma, andar adiante. 
Cara ou coroa 
Jesus se aproxima, cada vez mais, do momento de sua entrega. S. Mateus mostra a recusa que sofre por parte dos chefes do povo. Eles querem pegá-lo em alguma prosa atrapalhada. Mas Ele é bem vivo. Fazem armadilhas contra Ele. Fazem o papel do diabo. Hoje lemos o texto em que apresentam uma questão política, social e religiosa. Os fariseus que são contra os romanos e os herodianos são favoráveis. Eles se ajuntam para pegá-lo. Perguntam se é justo pagar o imposto ao imperador ou não. Haviam dito que Jesus era verdadeiro no que dizia. Responde: “Mostrem-me a moeda do imposto. De quem é a imagem que ela tem?” Respondem: “De César, o imperador”. Então, diz Ele: “Dêem a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Quer dizer: Que Deus seja respeitado e que o imperador fique na terra dele. Como o imperador era considerado deus, Jesus diz que Deus é quem dá a vida e seu encaminhamento. Só Ele deve ser adorado e amado. Não está dizendo que religião ficalonge da política, mas que o imperador fique com o que é dele. Ele não divide o mundo com Deus. 
Homilia 29º Domingo Comum(19.10.2008)

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