sexta-feira, 25 de março de 2022

REFLETINDO A PALAVRA - “Jesus curou muitas pessoas”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
54 ANOS CONSAGRADO
46 ANOS SACERDOTE
É uma batalha nossa vida na terra
 
Os evangelistas, ao escreverem os evangelhos, quiseram transmitir-nos o que é importante saber sobre Jesus, Sua missão e Seu ensinamento. Cada um deles escreveu com um esquema diferente, de acordo com a comunidade a que se dirigiam. Marcos ensina narrando, sobretudo os milagres. Através deles faz-nos conhecer a doutrina. A leitura de hoje mostra Jesus fazendo muitas curas: Saindo da sinagoga vai à casa de Pedro e cura sua sogra. Ao cair da tarde cura outros doentes. Ele veio para curar os males e doenças. Ele é o médico. Junto a esse evangelho temos a leitura do livro de Jó. Nela contemplamos a trágica condição da existência humana. “Não é acaso uma luta a vida do homem sobre a terra? Ao amanhecer espero novamente a tarde e me encho de sofrimento até o anoitecer. Meus dias correm mais rápidos do que a canoinha do tear e se consomem sem esperança” (Jó 7,4-6). Retrata bem nossas angústias, trabalhos e sofrimentos deixando entrever uma desilusão presente em nossas vidas. 
Onde está o remédio 
Para dar uma salvação a nossos males, principalmente ao mal da desesperança, Marcos apresenta Jesus como o médico que Se encarrega deles e os destrói. Jesus não veio como um curandeiro. Veio como a misericórdia de Deus: “Ele conforta os corações despedaçados, e enfaixa suas feridas e as curas” (Sl 146). Jesus conhece essas dores e se fazia o alívio e a esperança a todos. Não vemos no evangelho alguém que diga: “A mim Ele não curou”. Logo que lhe falaram da sogra de Pedro ele se aproximou dela, tomou-a pela mão e ajudou a levantar-se. Então a febre a deixou. Ao entardecer levaram a Jesus todos os doentes e possuídos pelo demônio. A cidade inteira se reuniu em frente da casa. Jesus curou muitas pessoas de diversas doenças e expulsou o demônio (Mc 1,30-32). Imaginemos o espetáculo. Mas não fazia espetáculo (como vemos em alguns programas e cultos). Não deixava que os demônios falassem, pois sabiam quem Ele era (34). Ele cura em Seu imenso amor. Marcos insiste que Jesus impõe silêncio. Por que? Para não apresentar-se como um curandeiro. Suas curas são em vista da fé e do encontro com Deus. Sua força de cura vem de Sua intimidade com o Pai. Marcos relata que de madrugada foi rezar em um lugar deserto (35). Sem a intimidade com Deus nossa vida é só espetáculo.
Curada para servir 
A sogra de Pedro, ao ser curada, se põe a servir Jesus e seus discípulos (31). O encontro com Jesus que cura, tem como consequência a cura do egoísmo para a vida colocada a serviço. Gostamos tanto de dizer que recebemos graças, mas essas graças param no corpo e não mudam o coração. É para servir que somos curados. O coração curado, sadio, põe-se a serviço. É o culto do serviço ao próximo. A cura da sogra é para ser reintroduzida na sacralidade do serviço. O maior sinal de que somos curados por Jesus é termos a capacidade de servir. Esse serviço se dirige também a Deus no culto da celebração. O verdadeiro culto só existe quando é recheado do serviço aos irmãos. Sem isso ele é vazio de sentido. A religião cristã não tem como finalidade primeira aumentar o número, mas a capacidade de por-se a serviço do maior número possível de pessoas. 
Leituras:Jó7,1-4.6-7;Salmo146;
1Coríntios9,16-19.22-23;
Marcos1,19-39. 
Ficha: 1. Cada evangelista escreveu com um esquema diferente de acordo com a comunidade a que se dirigiam. Marcos apresenta de modo claro uma série de milagres com os quais quer nos fazer uma catequese sobre Jesus e Sua doutrina. Lemos hoje o texto onde Jesus cura a sogra de Pedro e grande número de doentes. Jó já reclamava das dores e da luta da vida que provocam desesperança. 2. Marcos apresenta Jesus como o medico que Se encarrega de nossos males e os cura. Jesus não é um curandeiro espetacular. Evita o espetáculo. Ele cura em seu imenso amor. Tira sua força de sua intimidade com Deus. 3. A cura da sogra de Pedro não tem somente a finalidade curativa, mas de conduzir ao serviço. Curada ela pôs-se a serví-los. É para servir que somos curados. Gostamos de receber graças. Mas elas não vão ao coração nem o mudam para o serviço. Esse serviço está ligado também ao culto. O verdadeiro culto está recheado do serviço aos irmãos, do contrário é vazio. 
Homilia do 5º Domingo Comum
EM FEVEREIRO DE 2006

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