No batismo de Jesus contemplamos a magnífica cena em que os céus se abrirem e o Espírito Santo, como uma pomba, desce sobre Ele e uma voz que vem do céu proclama: “Tu és meu Filho amado, em ti encontro toda minha alegria” (Mc 1,10-11). Jesus é o Filho amado. João diz que são filhos também os que acolheram a vinda de Jesus: “A todos que O acolheram, deu-lhes o poder de serem chamados filhos de Deus” (Jo 1,12). Somos filhos no Filho porque, sendo Seus irmãos, assumidos, não somente como somente adotivos, mas assumidos porque somos irmãos de Cristo que assumiu nossa humanidade e nos deu a ter Sua vida por participação. Pelo Batismo somos enxertados em Cristo e passamos a ter a vida que O anima. Esta vida que é também a do Pai, nos faz filhos de Deus. Viver a espiritualidade cristã é viver como filho. Viver como filho é receber do Pai o mesmo amor que recebe o Filho, pois o Pai diz: “Este é meu Filho amado”. Refere-se também a nós. Somos também filhos amados do Pai. O amor do Pai é eterno pois assim Ele diz: “Com amor eterno eu te amei e te chamei pelo nome (Is Is 431). Somos conhecidos pessoalmente. Ele escreveu nosso nome na palma de Sua mão (Is 49,16). Como uma mãe para a qual cada filho é o único, também Deus se ocupa de nós com totalidade, como únicos. A filiação entra em nossa espiritualidade como a capacidade de acolher essa paternidade de Deus e corresponder como filhos que amam um Pai amado. Ele tem por nós uma preocupação de Mãe. “Pode uma mulher esquecer-se de seu filho de peito, de maneira que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta se esquecesse, eu, todavia, não me esquecerei de ti” (Is 49,15). João Paulo I disse que Deus é Mãe.
Herança preciosa
Temos uma herança preciosa pelo fato de sermos filhos. Jesus reza na última ceia: “Pai, aqueles que Me destes, quero que, onde eu estou também eles estejam comigo” (Jo 17,24). A grande herança é nossa união com o Filho Jesus, porque o que é dEle é também nosso. Paulo reza para que o “Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória [...] que Ele ilumine os olhos de vosso coração, para saberdes qual é esperança que seu chamado encerra, qual é a riqueza da glória da Sua herança entre os santos e qual é a grandeza do Seu poder para nós que cremos” (Ef 1,17-19). Tudo o que é do Filho nos é concedido. Temos o penhor do Espírito Santo. A garantia de Deus é o próprio Deus, em Seu Espírito. Jesus disse: “vou preparar-vos um lugar, para que onde Eu estiver, estejais vós também” (Jo 14,2). Mas a herança preciosa é estar com Jesus no Pai. “De modo que não és escravo, mas filho E se és filhos és também herdeiro, graças a Deus” (Gl 4,7).
Pai solícito
O Antigo Testamento não gozou da alegria de ter um Deus como Pai amoroso. Podemos dizer Abba, Pai. O Deus do castigo agora é o Deus colinho, isto é, o pai do filho perdido e achado, da ovelha perdida, procurada e carregada ao ombro, do que se comove diante de um sofrimento, chora a morte de um amigo, se emociona ao ver a dor de uma viúva, abraça as crianças e, sobretudo ensina a acolher deu amor de Pai. O maior dom é dar-nos o mesmo Espírito que tem o Filho. “E porque somos filhos, enviou aos nossos corações o mesmo Espírito de Seu Filho que clama Abba, Pai” (Gl 4,6). A espiritualidade batismal vai levar-nos a viver a filiação divina como vivemos nossa filiação humana, e com maiores vantagens. Deve levar-nos a viver como filhos queridos no coração e atitudes.
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