Evangelho segundo São Mateus 4,1-11.
Naquele tempo, Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto, a fim de ser tentado pelo Diabo.
Jejuou quarenta dias e quarenta noites e, por fim, teve fome.
O tentador aproximou-se e disse-lhe: «Se és Filho de Deus, diz a estas pedras que se transformem em pães».
Jesus respondeu-lhe: «Está escrito: ‘Nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus’».
Então o Diabo conduziu-O à cidade santa, levou-O ao pináculo do templo
e disse-Lhe: «Se és Filho de Deus, lança-Te daqui abaixo, pois está escrito: ‘Deus mandará aos seus Anjos que te recebam nas suas mãos, para que não tropeces em alguma pedra’».
Respondeu-lhe Jesus: «Também está escrito: ‘Não tentarás o Senhor teu Deus’».
De novo o Diabo O levou consigo a um monte muito alto, mostrou-Lhe todos os reinos do mundo e a sua glória
e disse-Lhe: «Tudo isto Te darei, se, prostrado, me adorares».
Respondeu-lhe Jesus: «Vai-te, Satanás, porque está escrito: ‘Adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele prestarás culto’».
Então o Diabo deixou-O, e aproximaram-se os Anjos e serviram-n'O.
Tradução litúrgica da Bíblia
Hesíquio do Sinai
dito de Batos, por vezes assimilado a Hesíquio, sacerdote de Jerusalém(séc.V), monge
«Sobre a sobriedade e a vigilância»,nrs.12,20.40
O combate da alma
O nosso Mestre e Deus incarnado deixou-nos um modelo (cf 1Ped 2,21) de todas as virtudes, um exemplo para a raça dos homens, e fez-nos levantar da antiga queda [...]. Ele revelou-nos as suas obras, e foi com elas que subiu ao deserto após o batismo, dando início, pelo jejum, ao combate da inteligência, quando o demónio O abordou como simples homem (cf Mt 4,3). Pela maneira como venceu, o Mestre ensinou-nos, a nós, inúteis, como temos de lutar contra os espíritos do mal: com humildade, jejum, oração (cf Mt 17,21), na sobriedade e na vigilância; embora Ele próprio não tivesse necessidade destas coisas, porque é Deus e Deus dos deuses. [...]
Aquele que trava o combate interior tem de ter em todo o momento estas quatro coisas: humildade, uma atenção extrema, refutação e oração. Humildade, porque o combate o opõe aos demónios, que são orgulhosos; terá assim o auxílio de Cristo ao alcance do coração, porque «o Senhor odeia os orgulhosos» (Prov 3,34, LXX). Atenção, para manter o coração puro de todos os pensamentos, mesmo os que parecem bons. Refutação, para contestar o maligno sem demora, e com veemência, pois está dito: «Responderei aos que me ultrajam, para que a minha alma esteja submetida a Deus» (Sl 61,2, LXX). Finalmente, a oração, para se dirigir a Cristo com «gemidos inefáveis» (Rom 8,26) após a refutação. Deste modo, aquele que luta verá o inimigo dissipar-se com o aparecimento da sua imagem, qual poeira ao vento que se desvanece, expulso pelo adorável nome de Jesus. [...]
Assim, pois, quando a alma põe a sua confiança em Cristo, que O invoque sem medo, pois não combate sozinha, mas com o Rei terrível, Jesus Cristo, Criador de todos os seres, dos corpóreos e dos incorpóreos, ou seja, dos visíveis e dos invisíveis.
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