domingo, 3 de março de 2019

Homilia do 8º Domingo Comum (03.03.19)

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
51 ANOS CONSAGRADO
43 ANOS SACERDOTE
(Ao fundo, o estimado PADRE BRANDÃO)
“O tesouro do coração” 
Conselhos que dão vida 
Jesus descera da montanha com os apóstolos e encontrou os discípulos e a multidão que acorrera de todos os lados para ouvi-Lo e serem curados. Em poucas e práticas palavras faz seu ensinamento. Conhecia muito bem nossos relacionamentos e como nosso coração se embaralha por não saber seu lugar. Ele nos coloca diante de nós mesmos para que possamos nos conhecer e tomar atitudes coerentes na convivência fraterna. Aplica bem a situações concretas que se fixaram na comunidade: Um cego não pode guiar outro cego; o discípulo não é maior que o mestre; o cisco no olho do irmão; a árvore é reconhecida pelos frutos; não se colhe figo de espinheiro; o homem bom tira coisas boas de seu coração; a boca fala do que o coração está cheio. Podemos entender nesse texto evangélico a necessidade de ser bom na comunidade. Para guiar os outros é preciso ter sabedoria, como mestre. E exemplifica dizendo que, se não formos bons não daremos frutos bons. Somos um espinheiro. É preciso ter um bom coração para ser mestre. Esse sim, tem uma riqueza muito grande a contribuir na comunidade. Assim se tem uma vida como um cedro que floresce na casa do Senhor. A vida da comunidade não depende de boas estruturas, de boas reuniões e técnicas, que muito ajudam, mas da profundidade da vida de cada um de seus membros. Aprender o bem viver é dar vida ao próprio coração. Cada um reconhecendo as próprias limitações poderá dar uma excelente vida aos irmãos. 
O coração cheio de vida 
Jesus, como conhecia a vida e o coração das pessoas e, sabia o que o homem tem em seu coração (Jo 2,24), tinha condições de falar com propriedade para rica a vida da comunidade. Não exige muito conhecimento, mas que sejamos capazes de criar uma excelente vida em comum. O escritor do livro do Eclesiástico também era conhecedor da pessoa e de seus relacionamentos, mostra que o homem se manifesta pela sua conversa. Por ela a pessoa se revela. Usa a bela imagem da peneira que separa o bom do ruim, separando os refugos. Os defeitos do homem se revelam no seu falar (Eclo 27,5). Esses eram provérbios que estavam na boca do povo. Jesus o usa: “O homem mau tira coisas más de seu mau tesouro. A boca fala do que o coração está cheio” (Lc 6,45). “Como o forno prova os vasos do oleiro, assim o homem é provado em sua conversa. A Palavra mostra o coração do homem” (Eclo 27,6-7). Regras não regulam uma comunidade, mas sim o coração. Jesus propõe as bem-aventuranças para que os seus possam viver intensamente a vida da comunidade. Procuramos fazer muitos esquemas de vida, mas somente as bem-aventuranças podem nos dar a certeza de um caminho seguro. 
A morte foi tragada 
Paulo encerra a primeira carta aos Coríntios com a reflexão sobre a certeza da ressurreição de Cristo, garantia de vitória sobre a morte e ressurreição de todos. O futuro de todos está garantido na simplicidade da vida nova, no corpo ressuscitado. Cristo venceu a morte. E essa não tem mais domínio, nem mesmo sobre o homem. Como personificasse a morte, diz que essa usou do pecado para que a morte dominasse. Ela espetava a humanidade. Paulo convida todos a “serem firmes e inabaláveis, empenhando-vos cada vez mais na obra do Senhor, certos de que as vossas fadigas não são em vão, no Senhor” (1Cor 15,58). A fé não é somente crer em uma doutrina, mas, dela, se deve tirar as direções da vida no cotidiano. Crer na ressurreição justifica ter um coração vivo no Senhor. 
Leituras: Eclesiástico 27,5-8; Salmo 91; 1 Coríntios 15,54-58; Lc 5,39-45 
1. O texto do evangelho é um convite a sermos bons para que a comunidade seja boa. 
2. A pessoa fala do que tem no coração. Dali é que sai tudo o que o homem é. 
3. Crer na ressurreição justifica ter um coração vivo no Senhor. 
De boca fechada 
Às vezes a gente diz que uma pessoa é bela, mas não deixa que abra a boca, pois pode sair muita asneira. É o pensamento das leituras de hoje. Jesus é claro: A boca fala do que o coração está cheio (Lc 6,45) e o homem é provado pela sua conversa (Eclo 27,6). Diante dessa verdade, somos convidados a olhar nosso interior para que nossas palavras tenham direito a uma fonte melhor. Vivendo bem, as palavras se tornam um ensinamento. Quando dizemos que um pregador não consegue dizer nada, é porque seu coração não tem nada. Pior, só tem o que não precisa.

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