quarta-feira, 19 de abril de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Dócil à Palavra”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
Semeando o Reino
               Jesus falava em parábolas tiradas da vida do povo. Era uma pedagogia maravilhosa, pois ensinava o povo conforme sua capacidade em ouvir. Falava à mente e ao coração. Com historinhas ensinava tantas verdades. É um verdadeiro e digno mestre. Anunciando o Reino, semeia com sua Palavra a proposta de Deus de um mundo novo e um novo modo de viver. É uma oferta que faz. Esta oferta é comparada a uma semeadura. No sistema de então, jogava-se a semente e depois passavam o arado para misturá-la com a terra. Ao jogar a semente, ela cai na beira do caminho onde é facilmente encontrada pelos pássaros. Jesus diz que a falta de compreensão é um obstáculo ao acolhimento da Palavra. O Maligno, como fazem os pássaros, rouba a semente. A outra parte cai em terreno pedregoso. Assemelha-se ao que a acolhe com alegria, mas não tem fundamento. Por isso a semente não germina. Quando vem qualquer dificuldade, abandona a Palavra. Sementes caem também entre os espinhos. É o que recebe a Palavra em meio às preocupações e ilusões do mundo que sufocam a Palavra. O Reino deve estar em primeiro lugar, do contrário, não produz fruto. A semente que cai em terra boa refere-se aquele que ouve a Palavra, compreende e a acolhe. Esse dá fruto em abundância. O Reino é semeado através da Palavra de Jesus. O modo de acolher dará o fruto devido. Não há meias medidas para o Reino. Por isso rezamos na Liturgia de hoje: “Dai a todos os que professam a fé rejeitar o que não convém ao cristão, e abraçar tudo o que é digno desse nome” (Oração).
Força da Palavra
                O profeta Isaias fundamenta toda a reflexão sobre a Palavra de Deus com a comparação da Palavra com a chuva que tem a força de fazer germinar e produzir fruto (Is 55,10-11). A liturgia usa o texto para explicitar a parábola de Jesus sobre a semente que é plantada em terras diferentes. Ela tem força, mas o resultado depende também do acolhimento da Palavra. “Quem tem ouvidos, ouça!” (Mt 13,9). Jesus espera ouvidos dóceis à Palavra para que possa produzir frutos. Encontramos aqui aquela difícil palavra de Jesus explicando porque falava em parábolas: “À pessoa que tem será dado ainda mais; à pessoa que não tem, será tirado até o pouco que tem” (12). Se tiver ouvidos, terá olhos para ver e coração para compreender. O fechamento é um empobrecimento cada vez maior. Refere-se à recusa que lhe faz o povo que vai culminar na recusa mortal.
Um mundo que chora
               Acolher e viver a Palavra será o grande consolo para o sofrimento do mundo. Quem a vive restaura a si mesmo e ao mundo. O pecado do homem desgovernou a natureza porque interferiu em sua missão de glorificação de Deus. Mas Cristo que veio também para os lírios do campo, trouxe o consolo. A Ressurreição é um fato universal e envolve todo o Universo. “A natureza espera a revelação dos filhos de Deus”, isto é, os que não nasceram da carne, mas de Deus (Jo 1,13). Viver a Palavra dá sentido à oração e à participação da Eucaristia. Quando nela oferecemos os dons, trazemos conosco o mundo que está presente no pão e no vinho, como fruto da terra e da videira que agora se tornam Corpo e Sangue de Cristo. Na Eucaristia o universo enxuga suas lágrimas e dá à luz o Corpo de Cristo, matéria que foi santificada pelo Espírito. 
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