Quando rezamos o
prefácio da Missa dizemos: “Corações ao alto!”.
- “Já os temos no Senhor!” Respondemos. É sinal que estamos ligados a
Deus em nossa oração. Há algo que nos inquieta: Quando se deu a Ascensão de
Jesus ao Céu, os Anjos disseram aos apóstolos que olhavam para o alto para onde
Jesus tinha subido: “Por que estais a olhar para ao alto?”. Temos duas
dimensões da mesma realidade: Ter o coração no alto, onde está Cristo assentado
à direita do Pai, e ter os olhos voltados para a terra, onde está a nossa
missão. A espiritualidade da Ascensão mostra-nos a força da vida cristã: unida
a Deus e a serviço dos homens, tanto nas coisas espirituais, como nas
materiais. Continuamos a missão que foi dada ao homem no Paraíso Terrestre: “Crescei
e multiplicai-vos, e enchei a terra e dominai-a” (Gn 1,22). O verbo dominar tem o sentido de encaminhar para sua plena
realização, como diz S. Paulo: Ser libertada do mal que o homem lhe fez sofrer
com o pecado. O pecado não faz bem. Quando nos deixamos levar pelas tentações
que o mal nos apresenta, prejudicamos a nós mesmos e ao mundo. Quando somos
tomados pela graça de Deus, podemos viver nossa dimensão completa e ao mesmo
tempo elevar o mundo. Deus não atrapalha a vida do mundo. Com a Ascensão, os
cristãos passaram pela tentação de sentir a ausência de Jesus e pensar que
então nada ia dar certo. Por isso recebemos a certeza: Ele iria voltar, não só
no fim do mundo, mas, estará sempre conosco como escreve Mateus: estarei
convosco todos os dias até o fim dos tempos. É uma presença ausente
fisicamente, mas plenamente viva na realidade. Ele continua agindo conosco e
através de nós. “Vós fareis obras maiores que eu fiz”. A espiritualidade da
Ascensão abarca o universo.
961.Rezando com Cristo
A espiritualidade
da ascensão ensina o mistério do culto cristão. Cristo foi ao Pai, não para
afastar-se de nós, mas para exercer sua missão fundamental: Ele presta o culto
perfeito ao Pai na adoração, na oferta e na ação de Graças. Está sempre a
interceder por nós, pois o culto tem uma dimensão de caridade que é levar os
irmãos a Deus. Na definição da liturgia está claro que Cristo faz a perfeita
glorificação de Deus. O que Cristo faz diante do Pai, nós o fazemos na terra
através dos sinais sensíveis dos sacramentos. A celebração da liturgia nos
coloca em união, como Corpo de Cristo (cabeça e membros), que presta o culto
público integral. Portanto, qualquer celebração litúrgica é obra de Cristo
sacerdote e de seu Corpo que é a Igreja (SC 7). Por isso, nós nos unimos a Cristo,
continuamos seu sacerdócio como povo de Deus sacerdotal, conduzidos pelos
ministros ordenados.
962. Arquitetura da ascensão
Celebramos o
culto em espírito e verdade, mas também nos reunimos nas igrejas. Elas devem
conduzir a Deus, a partir da comunidade. É importante o edifício. Mais
importante são aqueles que o habitam. Por isso a arquitetura deve conduzir a
comunidade para Deus. Ao construirmos uma igreja, temos que ver a planta do Céu
e nela espelhar a nossa. Sem isso fazemos garagens. Disse Deus a Moisés: “Faça
tudo como te mostrei lá no monte, em seu encontro com Deus” (Ex 25,40). As pedras
rezam conosco, quando fazemos um edifício litúrgico. Somos conduzidos a Deus
pela simbologia que temos na Igreja. Como um ícone oriental só se faz depois da
oração e do jejum, assim as igrejas deviam nascer da oração da comunidade. É
uma obra criada pelo povo sacerdotal para servir a Deus.
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