quarta-feira, 27 de abril de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “Mestre, onde moras?”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Encontramos o Messias
            Iniciamos o Tempo Comum. Na passagem do Tempo do Natal para o Comum, temos a celebração deste segundo domingo que faz parte da Manifestação do Natal. Este aspecto não é salientado. O evangelho do domingo é de João e não dos sinóticos. Estamos ainda no acolhimento da Manifestação de Senhor. Contemplamos os pastores que vieram e se foram, assim como também os Magos. No Batismo, Jesus é ungido e vai para o deserto. Na Manifestação aos discípulos, apresentados por João ou em Caná, nós temos o acolhimento dos discípulos à pessoa de Jesus. Exclamam: “Encontramos o Messias” (Jo 1,41). Inicia-se a concretização da fé numa comunidade de acolhimento e anúncio: “André... foi encontrar seu irmão Simão... e o conduziu a Jesus” (Jo 1,41-42). Iniciamos o ano pela vocação dos primeiros e exemplificada pela vocação de Samuel. Deus se mostra em Jesus e pede uma resposta de aceitação de fé. Samuel e os discípulos partem do desconhecido. “Mestre, onde moras?”, dizem André e o outro discípulo. Samuel diz, ao ouvir seu nome pela terceira vez: “Fala, Senhor que teu servo escuta” (1Sm 3,10). Para que se ouça o chamado como manifestação de Deus, exige-se uma experiência do Senhor: “’Mestre, aonde moras?’ – ‘Vinde e vede’”! Respondeu Jesus. Eles permaneceram com Ele aquele dia. Eram 4 horas da tarde”(Jo 1,38-39).  Por que João diz Cordeiro de Deus? No batismo Ele o identifica com o Servo amado anunciado por Isaias (Is 42,1): “Tu és meu Filho amado” (Mc 1,11). A palavra filho, no caso, é a mesma que servo (παίς). Os discípulos acolhem-no como Messias, o prometido, a partir de um conhecimento pessoal. Em uma resposta nossa, para ter a fé, é preciso esse conhecimento pessoal de Cristo e acolhimento de seu chamado.
Venho fazer vossa vontade
            Cristo chama os discípulos. Deus chama Samuel. A submissão ao chamado da Palavra é a obediência à vontade de Deus. O salmo faz uma bela leitura orante do chamado e do acolhimento obediente: “Sacrifício e oblação não quisestes, mas abristes, Senhor, meus ouvidos... Então eu vos disse: ‘Eis que venho!’ Sobre está escrito no livro: ‘Com prazer faço vossa vontade, guardo em meu coração vossa lei!’” (Sl 39). A vontade de Deus é a voz do Espírito que sempre ecoa em Jesus: “Não procuro a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou” (Jo 5,30). Fazer a vontade de Deus é reconhecer a presença do Espírito em nós e viver a moralidade dos ressuscitados: “Vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que mora em vós e que vos é dado por Deus” (1Cor 6,19). Podemos falar como Samuel: “Fala, Senhor, que teu servo escuta” (1Sm 3,9).
Terra fértil

             Os discípulos deixaram João Batista e seguiram Jesus. Samuel ouviu o chamado três vezes e levantou-se para responder. Simão, que significa dócil ao chamado de Deus, é apresentado a Jesus que lhe muda o nome para Pedro, com uma missão nova. De Samuel se diz: “Não deixava cair por terra nenhuma de suas palavras” (1Sm 3,19). A resposta ao chamado de Deus se dará no concreto da vida. Nosso agir se baseia na presença do Espírito em nós. A Eucaristia é o momento fundamental da escuta da Palavra e da experiência de Cristo que nos faz anunciadores: “Encontramos o Messias”.

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