Evangelho segundo S. Mateus 9,1-8.
Naquele
tempo, Jesus subiu para um barco, atravessou o mar e foi para a cidade de
Cafarnaum.Apresentaram-Lhe então um paralítico que jazia numa enxerga. Ao
ver a fé daquela gente, Jesus disse ao paralítico: «Filho, tem confiança; os
teus pecados estão perdoados». Alguns escribas disseram para consigo: «Este
homem está a blasfemar». Mas Jesus, conhecendo os seus pensamentos, disse:
«Porque pensais mal em vossos corações? Na verdade, que é mais fácil: dizer:
‘Os teus pecados estão perdoados’, ou dizer: ‘Levanta-te e anda’? Pois bem.
Para saberdes que o Filho do homem tem na terra o poder de perdoar os pecados,
‘Levanta-te __ disse Ele ao paralítico __ toma a tua enxerga e vai para casa’. O homem levantou-se e foi para casa. Ao ver isto, a multidão ficou cheia
de temor e glorificava a Deus por ter dado tal poder aos homens.
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São João Crisóstomo (c. 345-407),
presbítero de Antioquia, bispo de Constantinopla, doutor da Igreja
Homilias
sobre o Evangelho de Mateus, nº 29,1
«Quem pode perdoar pecados senão Deus?» (Mc 2,7)
«Apresentaram-Lhe um paralítico.» São Mateus
diz simplesmente que esse paralítico foi levado a Jesus. Outros evangelistas
narram que foi descido por uma abertura no tecto e apresentado ao Salvador sem
nada pedir, deixando que fosse Ele a decidir sobre a cura. [...]
O
evangelho diz: «Vendo Jesus a fé deles», isto é, dos que Lhe levaram o
paralítico. Reparai que, algumas vezes, Cristo não faz caso nenhum da fé do
doente: talvez ele seja incapaz de a ter, por estar inconsciente ou possuído por
um espírito mau. Mas este paralítico tinha uma grande confiança em Jesus; de
outra forma, como teria permitido que o descessem até Ele? Cristo responde a
essa confiança com um prodígio extraordinário. Com o poder do próprio Deus,
perdoa os pecados a esse homem. Mostra assim ser igual ao Pai, verdade que já
tinha mostrado quando dissera ao leproso: «Quero, fica purificado!» (Mt 8,3),
[...] quando, com uma só palavra, tinha acalmado o mar em fúria (Mt 8,26), ou
quando, como Deus, tinha expulsado os demónios, que reconheciam nele o seu
soberano e o seu juiz (cf Mt 8,32). Ora, aqui Ele mostra aos seus adversários,
para grande espanto destes, que é igual ao Pai.
E o Salvador mostra
também, mais uma vez, que rejeita tudo o que é espectacular ou fonte de glória
vã. A multidão pressiona-O de todos os lados, mas Ele não tem pressa em fazer um
milagre visível, curando a paralisia exterior desse homem. [...] Começa por
fazer um milagre invisível, curando-lhe a alma. Essa cura é infinitamente mais
vantajosa para o homem — e, na aparência, menos gloriosa para Cristo.
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