Evangelho segundo São João 14,23-29.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Quem Me ama guardará a minha palavra, e meu Pai o amará; Nós viremos a ele e faremos nele a nossa morada.
Quem Me não ama, não guarda a minha palavra. Ora, a palavra que ouvis não é minha, mas do Pai que Me enviou.
Disse-vos estas coisas enquanto estava convosco.
Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos recordará tudo o que Eu vos disse».
Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como a dá o mundo. Não se perturbe nem se intimide o vosso coração.
Ouvistes que Eu vos disse: vou partir, mas voltarei para junto de vós. Se Me amásseis, ficaríeis contentes por Eu ir para o Pai, porque o Pai é maior do que Eu.
Disse-vo-lo agora, antes de acontecer, para que, quando acontecer, acrediteis».
Tradução litúrgica da Bíblia
Monge cisterciense, doutor da Igreja
Sermão 21 sobre o Cântico dos Cânticos, 4-6
«"O Espírito Santo vos recordará tudo o que Eu vos disse"
e vos dará a paz»
Aquele que caminha sob a direção do Espírito não permanece sempre no mesmo estado e não progride sempre com a mesma facilidade. O caminhar do homem não lhe pertence, depende da iniciativa do Espírito, seu mestre, que lhe concede esquecer o que ficou para trás e avançar, umas vezes devagar, outras vezes impetuosamente. Se prestares atenção à tua experiência interior, confirmarás o que acabo de dizer.
Se sentires torpor, tristeza ou desgosto, não percas a confiança nem abandones o teu projeto de vida espiritual, mas procura a mão daquele que é o teu socorro. Pede-Lhe que te arraste atrás de Si (cf. Ct 1,4) até que, atraído pela graça, recuperes a velocidade e a alegria da corrida; então, poderás dizer: «Correrei pelo caminho dos teus mandamentos, porque deste largas ao meu coração» (Sal 119,32).
Quando te sentires cheio de forças, não digas: «Jamais serei abalado», para não teres de reconhecer, com o mesmo salmo: «Se escondes a tua face, logo fico perturbado» (Sl 29,7-8). Se fores sensato, seguirás o conselho da Sabedoria: no dia da angústia, não esquecerás a felicidade e, no tempo da consolação, não esquecerás os momentos de infortúnio (cf Si 11,27).
Assim, não te faltará a esperança no tempo da desgraça nem a prudência no dia da felicidade. Por entre os sucessos e os fracassos destes tempos instáveis, conservarás, como imagem da eternidade, uma sólida equanimidade, bendizendo o Senhor em todo o tempo. E assim, num mundo que vacila, tu terás paz, uma paz, por assim dizer, inabalável; e começarás a renovar-te e a reformar-te, à imagem e à semelhança de um Deus cuja serenidade permanece para sempre.
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