Evangelho segundo São Lucas 7,31-35.
Naquele tempo, disse Jesus à multidão: «A quem hei de comparar os homens desta geração? Com quem se parecem?
Assemelham-se a crianças que, sentadas na praça, se interpelam umas às outras, dizendo: "Tocámos flauta para vós, e não dançastes! Entoámos lamentações, e não chorastes!"
Porque veio João Batista, que não comia nem bebia vinho, e vós dizeis: "Tem o demónio com ele".
Veio o Filho do homem, que come e bebe, e vós dizeis: "É um glutão e um ébrio, amigo de publicanos e pecadores".
Mas a Sabedoria é justificada por todos os seus filhos».
Tradução litúrgica da Bíblia
Papa, doutor da Igreja
Livro XIII, SC 212
Aprendei a ser loucos para vos
tornardes sábios diante de Deus
«E que eu não encontre um só homem sábio entre vós» (Jb 17,10). Apela-se à sabedoria não querendo encontrar sábios [os amigos de Job] porque os homens enganados pela suficiência da sua falsa sabedoria não podem chegar à verdadeira sabedoria. É deles que está escrito: «Ai de vós, que sois sábios aos vossos próprios olhos e prudentes diante de vós mesmos!» (Is 5,21). É a eles que se diz: «Não vos comprazais na vossa própria sabedoria» (Prov 3,7; cf Rom 12,16).
Era também por isso que, quando encontrava pessoas sábias segundo a carne, o grande pregador [Paulo] lhes pedia que adquirissem a verdadeira sabedoria, começando por se tornar insensatos: «Se algum de vós se considera sábio segundo o julgamento deste mundo, faça-se insensato para se tornar sábio» (1Cor 3,18); e a própria Verdade diz: «Bendito sejais, ó Pai, Senhor do Céu e da terra, que escondestes estas coisas aos sábios e aos inteligentes e as revelastes aos pequeninos» (Mt 11,25).
Assim como aqueles que são sábios diante de si mesmos não podem alcançar a verdadeira sabedoria, também o bem-aventurado Job, que deseja a conversão daqueles que o escutam, tem o direito de desejar que entre eles não se encontre um único sábio; ou seja, aprendei a tornar-vos loucos diante de vós mesmos para serdes verdadeiramente sábios diante de Deus.
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