Evangelho segundo São João 1,47-51.
Naquele tempo, Jesus viu Natanael, que vinha ao seu encontro, e disse: «Eis um verdadeiro israelita, em quem não há fingimento».
Perguntou-lhe Natanael: «De onde me conheces?» Jesus respondeu-lhe: «Antes que Filipe te chamasse, Eu vi-te quando estavas debaixo da figueira».
Disse-lhe Natanael: «Mestre, Tu és o Filho de Deus, Tu és o Rei de Israel!».
Jesus respondeu: «Porque te disse: "Eu vi-te debaixo da figueira", acreditas. Verás coisas maiores do que estas».
E acrescentou: «Em verdade, em verdade vos digo: vereis o Céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem».
Tradução litúrgica da Bíblia
Bispo de Jerusalém, doutor da Igreja
Catequese batismal n.º 6, 5-6
«Vereis o céu aberto»
A pretexto de que não consigo beber o rio todo, deverei privar-me de tomar modestamente o que dele necessito? A pretexto de que a constituição dos meus olhos me impede de olhar o Sol de frente, deixarei de ver aquilo que as minhas necessidades me solicitam? A pretexto de que entrei num enorme pomar e não consigo comer todos os frutos que nele se encontram, deverei sair dele com fome? Eu louvo e glorifico Aquele que nos criou, porque tal está prescrito por mandamento divino: «Todo o ser vivo bendiga o seu santo nome» (Sl 145, 21).
Mas não está escrito: «Os seus [dos pequeninos] anjos, nos Céus, veem para sempre o rosto do meu Pai que está nos Céus» (Mt 18,10)? Os anjos veem a Deus, não como Ele é, mas – também eles – como O compreendem. Com efeito, foi o próprio Jesus que disse: «Não porque alguém tenha visto o Pai, a não ser Aquele que existe junto de Deus: este viu o Pai» (Jo 6,46). Os anjos veem, pois, de acordo com a sua capacidade, e os arcanjos como podem; os tronos e as dominações veem-no melhor que estas primeiras categorias, mas ficam aquém de um conhecimento digno do seu objeto. Só o Espírito Santo, juntamente com o Filho, O pode ver como Ele deve ser visto, pois «sonda todas as coisas e conhece as profundezas de Deus» (1Cor 2,10). Uma vez que tanto o Filho unigénito como o Espírito Santo conhecem adequadamente o Pai – pois «ninguém reconhece o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho O quiser revelar» (Mt 11,27) –, o Filho vê Deus como Ele deve ser visto e revela-O, com o Espírito e através do Espírito Santo, a cada um segundo a sua capacidade.
Portanto, uma vez que nem os anjos O conhecem – pois, como dissemos, o Unigénito revela com o Espírito e pelo Espírito Santo, a cada um segundo a sua capacidade –, que ninguém se envergonhe de confessar a sua ignorância.
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