quarta-feira, 27 de setembro de 2023

REFLETINDO A PALAVRA - “São José, rogai por nós!”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
O homem que sonhava
 
Todo mundo fala do S. José grande; eu gosto do pequeno. Maria teve grandes privilégios. José teve o privilégio de cuidar dela. Maria foi concebida sem pecado; José teve que vencer a tentação. O nome de José se liga ao José do Egito. Ele, o justo escravizado, tornou-se salvador de sua família. S. José não foi escravizado no Egito, mas viveu a mesma e difícil situação de interprete de sonhos e se tornou salvador de sua família, nós, através de Jesus a quem preparou para a missão, dando-lhe o ofício de carpinteiro, que era o seu, para construir uma casa para o povo de Deus. José é um dos nossos. Era gente como nós, fiel a Deus, simples, vivendo em harmonia, cuidando da sua família, na comunidade. O povo é humilde, mas sábio e justo, como se diz de José, no evangelho. É muito bom ver o lado humano de José. Todo realista é sonhador. Vê o momento presente com a dimensão do futuro. O sonho gera grandes realizações. Nas Escrituras, o sonho é um caminho para a revelação da vontade de Deus. Não devemos pensar em sonhos e ver Deus falar, mas sonhar e ser capaz de interpretar o caminho da salvação. José, enfrenta a realidade de uma gravidez indesejada em sua noiva. Momento de difícil solução. Ele sofre. Em sonhos Deus lhe diz: “José, filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, pois o que nela aconteceu é obra do Espírito Santo” (Mt 1,20). Na busca da vontade de Deus, pareceu-lhe claro que o caminho era a misericórdia. No meio da noite, se faz dia em seu coração. O Anjo avisa em sonho para fugir para o Egito; voltar para Israel; ir morar em Nazaré (Mt 2,13.15.19-22). Teve que resolver tudo em Deus que nem sempre é claro. Foi como um sonho. Quantas soluções tomamos na calada da noite e depois dormimos tranqüilos.
Decidir como um sonho 
Conhecer uma pessoa é saber da sua verdade. S. José, infelizmente, foi vítima dos chamados evangelhos apócrifos. São textos antigos que pretenderam ensinar coisas que não estavam nas Escrituras. Há coisas boas, mas há muita fantasia e até heresias. O evangelho de Tiago pretende narrar fatos da infância de Jesus. Ali José é apresentado como um senhor já mais idoso, viúvo. Por isso temos um José de barbas brancas. Imagino que Deus seguiu o costume do povo. Maria recebe o anúncio da encarnação pela voz do Anjo quando estava ainda noiva. Tudo isso se passou mais no nível da fé que vai além do simples pensar humano. Deus confiou nesses dois jovens, maduros para o casamento, que souberam sonhar as coisas de Deus. Sintonizaram sua fé com a vontade de Deus. Souberam com a ajuda da graça e sua capacidade, buscar o que é de Deus. Eles souberam se orientar e escolher os caminhos de Deus, como sabemos. Se acreditássemos mais nos jovens, seriam maiores. É na juventude que tomamos as grandes decisões. Mais idosos somos acomodados. 
Sonhar as coisas de Deus 
A celebração de S. José nos ensina a sonhar é interpretar os sonhos (lembremos José do Egito) para sintonizar nossa vida com o pensamento de Deus. José faz como ensinará Jesus: “O que o Pai quer eu faço” (Jo 8,29). À medida que amamos a Deus, conhecemos seus pensamentos e sua vontade. A Palavra de Deus é a orientação prática para nós. José, conhecedor da Palavra de Deus, fez dela sua vida. Descobrir e encaixar sua vocação, se tornou fácil. A festa de S. José nos anima a acolher Maria e deixar Jesus crescer em nós.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM MARÇO DE 2011

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