PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+) E PADRE JOSÉ OSCAR BRANDÃO REDENTORISTAS NA PAZ DO SENHOR |
A Quaresma aponta para a Glória. No domingo passado sofremos as angústias da tentação. Agora vivemos a serenidade da presença de Deus em Cristo, no alto do monte. Estava tão bom que Pedro disse: “É bom estarmos aqui’. Nossa fé não é só sofrimento, tentação, purgatório. “É alegria e paz no Espírito Santo” (Rm 14,17). Fizemos uma religião do medo; Jesus implantou um Reino que alegria a todos. A tentação tem como fruto a perseverança (Tg 1,2). Este evangelho mostra o futuro glorioso da Ressurreição, depois de passada a tentação da Paixão dolorosa. O que os discípulos sentem depois da Ressurreição é o que Pedro diz: “É bom estarmos aqui”. Jesus se manifesta todo transformado e glorificado. Mostra, assim, como serão os discípulos. Um ensinamento importante deste evangelho é a centralidade de Jesus no Novo Testamento: Aparecem Moisés e Elias falando com Ele” (Mt 17,3). Jesus de agora em diante é a Lei e a Profecia – Moisés e Elias. Não há outro a ser ouvido. Certamente os primeiros cristãos ainda estavam ligados demais à lei antiga. Isso se manifesta no desejo de Pedro de construir 3 tendas(4), quer dizer, os dois grandes continuam presentes na comunidade. O Pai mostra, então, que agora, quem fala é Jesus, o Filho Amado (5). Por isso, “escutai-O!” (5). A vida cristã é um processo permanente de transformação. Purificado o olhar de nossa fé (oração), nós vamos à verdade de Jesus. Nós precisamos do colírio que oferece João no Apocalipse para poder enxergar (Ap 3,18). Não podemos fazer um cristianismo sem Jesus, baseado só em fórmulas, idéias e teorias espirituais que nem sempre são evangelho e respondem a ideologias políticas. Não podemos entender como se desenvolvem certas manias na religião que não tem nada do evangelho. É preciso purificar. Este foi o caminho de Abraão para ser bênção para todos.
Vocação Santa
A vida cristã tem como vocação fundamental nossa transformação em Cristo. A partir do momento que aceitamos Jesus em nossa vida, e mesmo desde pequenos, começamos essa transfiguração, pois a vida cristã é dominada pela graça. O que aconteceu com Jesus naquele momento é figura da Ressurreição. Sua ressurreição em nossa vida realiza esta transfiguração. Já participamos na terra das coisas do céu (pós-comunhão). Não vivemos de novidades, mas batalhamos como Jesus o fez. Ele sempre fez que o Pai mandou fazer (Jo 5,36). Sofremos pelo Evangelho, como Paulo convida a Timóteo: “Sofre comigo pelo evangelho, fortificado pela graça de Deus” (2Tm 1,8b). O sofrimento não é a dor, mas o empenho de crescer e se transformar em Cristo, suportando o esforço que isso comporta.
Ouvir o Filho
Rezamos: “Alimentai nosso espírito com vossa palavra... para que os alegremos com a visão de vossa glória” (Orção). A solução que o evangelista Mateus sugere para superar a tentação de voltar atrás e não se empenhar na transformação é ouvir a Palavra do Filho. Ouvindo-a está participando do amor que o Pai tem pelo Filho, o Dileto. A transformação é realizada pelo esforço, mas sobretudo pela graça. Esta é o fruto dos sacramentos que celebramos, de modo particular a Eucaristia. “Oferendas nos transfiguram interiormente para celebrarmos a Páscoa” (oferendas). Celebrar a Páscoa em cada Eucaristia é ser transformado para continuar a missão de anunciar, mesmo que não o vejamos glorioso.
Leituras: Gênesis 12,1-4ª; Salmo 32;
2Timóteo 1,8b-10; Mateus 17,1-9.
1. Iniciamos a Quaresma com narrativa das tentações de Jesus e também sua glorificação. Os cristãos viviam a tentação de voltar ao Antigo Testamento (Moisés e Elias). O Pai apresenta Jesus como o Profeta e a Lei. E a Ele que devemos ouvir. Contemplamos em Jesus transfigurado nosso futuro. É preciso purificar o olhar da fé para não viver em teorias. Esse foi o caminho de Abraão
2. A solução que Mateus apresenta para superar a tentação de voltar atrás é ouvir a Palavra do Filho. A transformação é realizada pelo esforço pessoal, mas sobretudo pela graça. A Ressurreição de Jesus em nossa vida realiza a transformação. Isso comporta esforço
3. A transfiguração é nossa vocação fundamental em Cristo. Deus trabalha em nós com sua graça. Já participamos das coisas do Céu. Não vivemos ainda, mas já participamos na terra da glória do Céu.
Dançando nas nuvens
Se o primeiro domingo mostra a fragilidade de Jesus que deve ser tentado, neste domingo conhecemos sua força divina. Lembramos também que o homem não é só pó, mas tem a dimensão divina que o faz dançar nas nuvens.
Ao vencer a tentação, vê brilhar em si a força da imortalidade. Não podemos desanimar diante da fraqueza, quando o mais importante é a força de Deus que habita em nós.
Jesus aparece na sua glória divina. Os discípulos ficaram maravilhados. Mas a vida continua. Por isso, para não perder a glória de Deus em nós, é preciso ouvir o Filho, como diz o Pai. Viver a Palavra é nossa transfiguração.
Abraão era frágil, mas recebe uma promessa que o faz pai de um grande povo e nele serão abençoadas todas as nações da terra.
Quaresma não é penitência, é glória, vitória e ressurreição.
Homilia do 2º Domingo da Quaresma (20.03.2011)
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