domingo, 4 de julho de 2021

Homilia da S. de Pedro e Paulo (04.07.21)

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
53 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACERDOTE
“Pedras de alicerce”
 Homens para Jesus 
Encarnação une toda ação de Deus para nossa salvação. Esta é a participação na Vida Divina. Ela não é só o nascimento de uma linda criança. Encarnação foi a maior manifestação que Deus fez à humanidade. Veio pessoalmente na pessoa de seu Filho Jesus, Homem-Deus. Essa é a base de toda a vida cristã. Aqui está a diferença entre crença e fé. A única explicação acessível é a afirmação: No seu imenso amor, fez-se homem para nos levar a participar de sua Divindade. Dizem os grandes mestres da fé que, o que era visível em Jesus enquanto homem, está presente nos sacramentos. Esse foi modo como Deus escolheu para dar continuidade a Jesus entre nós. Pedro, pela sua fé, recebe as “chaves” do Reino dos Céus (Mt 16,19). Paulo recebe a missão: “Esse homem é para mim um vaso escolhido para levar o meu nome diante dos gentios, dos reis e dos filhos de Israel” (At 9,15). Tem o poder – missão – serviço que Jesus lhes transmite. Então podemos entender que esses homens, Pedro e Paulo, continuam a missão de Jesus na condição humana. Temos que acolher que o humano é o meio que Deus assumiu para nos comunicar o Divino. Assim, Pedro e Paulo, e todos que estão na linha de seu ministério realizam a continuada Encarnação. Como expressão do ser de Jesus, tem também sua missão. Sobre essas pedras Jesus edificou sua Igreja. Não podemos dizer que Jesus deu a fé e nós fizemos a Igreja. A fé passa pelo mesmo caminho de Jesus. Caminho da humanidade. Não existe uma fé por aí. 
Fé que edifica 
Celebramos Pedro e Paulo, unidos na mesma fé e na mesma entrega a Cristo em sua morte, fundaram a Igreja. Cantamos no prefácio: “Hoje festejamos Pedro e Paulo. Pedro, o primeiro a proclamar a fé, fundou a Igreja primitiva sobre a herança de Israel. Paulo, mestre e doutor das nações, anunciou-lhes o Evangelho da Salvação”. A memória conjunta desses dois apóstolos quer quebrar qualquer divisão da Igreja como uma sendo judaica e outra dos gentios. No Concílio de Jerusalém pudemos ver como se criaram dois modos de ser Igreja. E não era problema: Os judeus cristãos viveriam como judeus crentes em Cristo. Os pagãos viveriam sua fé no mundo pagão. Certo que se edificaram também sobre a Palavra de Deus, mas não nas tradições judaicas. E viveram muito bem, inclusive numa extremada caridade de ajuda. Os pagãos que se fizeram cristãos, amavam ajudar os pobres de Jerusalém. É um ensinamento muito grande para nós que queremos uma camisa de força e uma estreita obediência a detalhes secundários. Estamos no regime judaico? A oração final da Eucaristia nos alerta sobre como viver na Igreja: “Viver de tal modo na vossa Igreja que, perseverando na fração do pão e na doutrina dos apóstolos, e enraizados no vosso amor, sejamos um só coração e uma só alma” (Pós-Comunhão). 
O Senhor ao meu lado 
Podemos aprender dos dois apóstolos como sobreviveram nas grandes tempestades que tiveram que enfrentar. Sua paixão por Cristo levava-os sempre a superar: Paulo diz: “O Senhor esteve ao meu lado e meu deu força” (2Tm 4,17). Pedro, saindo milagrosamente da prisão diz: “Agora sei que o Senhor enviou o seu anjo para me liberar do poder de Herodes e de tudo o que o povo judeu esperava” (At 12,11). Os verdadeiros apóstolos são perseguidos até pelos próprios cristãos. Mas ficam firmes. Por isso rezamos na oração: “concedei à vossa Igreja seguir em tudo os ensinamentos destes Apóstolos que nos deram as primícias da fé”.Continuamos a Encarnação, seguindo sua missão. Maravilhosos Santos! 
Leituras: Atos 12,1-11;Salmo 33;
2Timóteo 4,6-8.17-18;Mateus 16,13-19 
1. Pedro e Paulo, continuam a missão de Jesus na condição humana. 
2. A memória conjunta desses dois apóstolos quer quebrar qualquer divisão da Igreja. 
3. Podemos aprender dos dois apóstolos como sobreviveram nas grandes tempestades. 
Pedra sem pedrada 
Jesus chamou Simão de Cefas, que quer dizer pedra. Certamente estava pensando em alicerce, força de sustentação, garantia de equilíbrio e outras coisas mais. Usa também a expressão: “Deus pode fazer dessas pedras, filhos de Abraão” (Mt 3,9). Mas não fez. As pedras estão lá. Não deu problema de cabeça dura. Temos diversos textos nos quais aparece o apedrejamento dos fiéis em Cristo. Estevão assim morreu. Paulo foi apedrejado diversas vezes. Era um tipo de castigo. Jesus não foi por aí. Pedro não reclama a si o direito de apedrejar e de ser duro com os outros. Temos muita gente que acha que ser duro resolve tudo. Não foi isso que Jesus fez. Pedro, apesar de ser pedra, foi muito bom, amável. Quem sabe possamos dar firmeza à fragilidade dos outros sem precisar dar pedradas.

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