terça-feira, 27 de julho de 2021

REFLETINDO A PALAVRA - “Seguir-te-ei aonde fores”.

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
53 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACERDOTE
Feitos para a liberdade.
 
Em um tempo em que a liberdade é o slongan que mais influencia a sociedade, ouvimos as palavras de Paulo aos Gálatas: “É para a liberdade que nos libertou!” (Gl 5,1). Cristo liberta-nos das amarras inúteis do mal e das forças que gera no mundo. A lei fundamental, da qual procede a lei da liberdade, é o mandamento: “amarás o teu próximo como a ti mesmo”. “Fomos chamados à liberdade” (Gl 5,3). Paulo alerta: “não façais desta liberdade pretexto para servirdes à carne. Pelo contrário, fazei-vos escravos uns dos outros pela caridade” (5,13). Servir à carne é deixar-se levar pelos instintos e pela segurança da lei antiga. Os judaizantes (queriam impor a lei judaica aos cristãos vindos do paganismo) diziam que a salvação estaria na prática exterior da lei. Jesus ensina a lei do Espírito que se conduz pelo amor. O amor é a raiz de toda liberdade. Santo Agostinho dizia: “Ama e faze o que quiseres”. O que quero será fundado no amor. Os desejos da carne, realizados de acordo com o Espírito conduzem sempre à liberdade. 
Liberdade de seguir Jesus. 
“Jesus toma a firme decisão de ir a Jerusalém” (Lc 9,51) Parece uma frase evidente, mas aí se encontra toda sua decisão de concluir o projeto de Deus. Para Lucas, Jesus fez uma única viagem a Jerusalém na sua vida pública. Ali Ele culmina sua vida e chega a sua Ascensão. Ele caminha livremente. Os que o querem seguir deverão fazê-lo na liberdade. Ele respeita a liberdade dos samaritanos que não o querem receber (Lc 9,52-55). Quem quiser seguí-lo submete-se à lei da liberdade. Ele é um homem livre, despojado das amarras sociais. Diz claramente: “As raposas têm suas tocas e as aves do céu têm seus ninhos; mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça” (Lc 9,58). Aquele que quiser seguí-lo deve superar os laços familiares: “Deixa que os mortos enterrem seus mortos; tu, vem e segue-me” (59). Não se trata do enterrar um ente querido falecido, ou dar um abraço de despedida, como podemos ver no livro dos Reis quando Eliseu pede a Elias para abraçar seus pais (1Rs 19,20). Trata-se da ligação afetiva exagerada que faz dependente do afeto. O Reino de Deus vale mais. Não destrói o afeto, enobrece-o. O homem livre tem o olhar em uma direção. É como quem rege um arado: se não tem os olhos fixos no sulco, sai da linha e não é um bom trabalhador. Assim, quem se propõe seguí-Lo tem que ter os olhos sempre fixos no Reino. Liberdade exige compromisso. 
Liberdade de ser anúncio. 
“O Reino de Deus sofre violência. Só os violentos o tomam de assalto” (Mt 11,12). A fortaleza de quem assume viver o evangelho está na liberdade. A força de ser livre para o amor e a entrega ao seguimento de Jesus, fazem de nós, homens e mulheres fortes e capazes de dar uma resposta convincente às propostas de Jesus. Ele continua chamando para assumir a vida cristã em profundidade em qualquer situação em que vivamos. Responder significa assumir riscos, como Ele os assumiu. Os riscos não são de morte ou sofrimento, mas de liberdade: coração livre para amar e se entregar. Neste caso os sofrimentos e morte não serão um fim, mas a passagem de Cristo em nós. 
Leituras: 1 Reis 19,16b,19-21; Salmo 15; 
Gálatas 5,1.13-18; Lucas 9,51-62. 
Homilia do 13º domingo do tempo comum
EM JUNHO DE 2004

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