Eleito a 28 de Outubro de 1958,
faleceu, depois de ter convocado
o Concílio do Vaticano II,
no dia 3 de Junho de 1963.
Nasceu no dia 25 de Novembro de 1881 em Sotto il Monte, diocese e província de Bérgamo (Itália), e nesse mesmo dia foi baptizado com o nome de Angelo Giuseppe; foi o quarto de treze irmãos, nascidos numa família de camponeses e de tipo patriarcal. Ao seu tio Xavier, ele mesmo atribuirá a sua primeira e fundamental formação religiosa. O clima religioso da família e a fervorosa vida paroquial foram a primeira escola de vida cristã, que marcou a sua fisionomia espiritual.
Ingressou no Seminário de Bérgamo, onde estudou até ao segundo ano de teologia. Ali começou a redigir os seus escritos espirituais, que depois foram recolhidos no "Diário da alma". No dia 1 de Março de 1896, o seu director espiritual admitiu-o na ordem franciscana secular, cuja regra professou a 23 de Maio de 1897.
De 1901 a 1905 foi aluno do Pontifício Seminário Romano, graças a uma bolsa de estudos da diocese de Bérgamo. Neste tempo prestou, além disso, um ano de serviço militar. Recebeu a Ordenação sacerdotal a 10 de Agosto de 1904, em Roma, e no ano seguinte foi nomeado secretário do novo Bispo de Bérgamo, D. Giacomo Maria R. Tedeschi, acompanhando-o nas várias visitas pastorais e colaborando em múltiplas iniciativas apostólicas: sínodo, redacção do boletim diocesano, peregrinações, obras sociais. Às vezes era também professor de história eclesiástica, patrologia e apologética. Foi também Assistente da Acção Católica Feminina, colaborador no diário católico de Bérgamo e pregador muito solicitado, pela sua eloquência elegante, profunda e eficaz.
Naqueles anos aprofundou-se no estudo de três grandes pastores: São Carlos Borromeu (de quem publicou as Actas das visitas realizadas na diocese de Bérgamo em 1575), São Francisco de Sales e o então Beato Gregório Barbarigo. Após a morte de D. Giacomo Tedeschi, em 1914, o Pade Roncalli prosseguiu o seu ministério sacerdotal dedicado ao magistério no Seminário e ao apostolado, sobretudo entre os membros das associações católicas.
Em 1915, quando a Itália entrou em guerra, foi chamado como sargento sanitário e nomeado capelão militar dos soldados feridos que regressavam da linha de combate. No fim da guerra abriu a "Casa do estudante" e trabalhou na pastoral dos jovens estudantes. Em 1919 foi nomeado director espiritual do Seminário.
Em 1921 teve início a segunda parte da sua vida, dedicada ao serviço da Santa Igreja. Tendo sido chamado a Roma por Bento XV como presidente nacional do Conselho das Obras Pontifícias para a Propagação da Fé, percorreu muitas dioceses da Itália organizando círculos missionários.
Em 1925, Pio XI nomeou-o Visitador Apostólico para a Bulgária e elevou-o à dignidade episcopal da Sede titular de Areopolis.
Tendo recebido a Ordenação episcopal a 19 de Março de 1925, em Roma, iniciou o seu ministério na Bulgária, onde permaneceu até 1935. Visitou as comunidades católicas e cultivou relações respeitosas com as demais comunidades cristãs. Actuou com grande solicitude e caridade, aliviando os sofrimentos causados pelo terremoto de 1928. Suportou em silêncio as incompreensões e dificuldades de um ministério marcado pela táctica pastoral de pequenos passos. Consolidou a sua confiança em Jesus crucificado e a sua entrega a Ele.
Em 1935 foi nomeado Delegado Apostólico na Turquia e Grécia: era um vasto campo de trabalho. A Igreja tinha uma presença activa em muitos âmbitos da jovem república, que se estava a renovar e a organizar. Mons. Roncalli trabalhou com intensidade ao serviço dos católicos e destacou-se pela sua maneira de dialogar e pelo trato respeitoso com os ortodoxos e os muçulmanos. Quando irrompeu a segunda guerra mundial ele encontrava-se na Grécia, que ficou devastada pelos combates. Procurou dar notícias sobre os prisioneiros de guerra e salvou muitos judeus com a "permissão de trânsito" fornecida pela Delegação Apostólica. Em 1944 Pio XII nomeou-o Núncio Apostólico em Paris.
Durante os últimos meses do conflito mundial, e uma vez restabelecida a paz, ajudou os prisioneiros de guerra e trabalhou pela normalização da vida eclesial na França. Visitou os grandes santuários franceses e participou nas festas populares e nas manifestações religiosas mais significativas. Foi um observador atento, prudente e repleto de confiança nas novas iniciativas pastorais do episcopado e do clero na França. Distinguiu-se sempre pela busca da simplicidade evangélica, inclusive nos assuntos diplomáticos mais complexos. Procurou agir sempre como sacerdote em todas as situações, animado por uma piedade sincera, que se transformava todos os dias em prolongado tempo a orar e a meditar.
Em 1953 foi criado Cardeal e enviado a Veneza como Patriarca, realizando ali um pastoreio sábio e empreendedor e dedicando-se totalmente ao cuidado das almas, seguindo o exemplo dos seus santos predecessores: São Lourenço Giustiniani, primeiro Patriarca de Veneza, e São Pio X.
Depois da morte de Pio XII, foi eleito Sumo Pontífice a 28 de Outubro de 1958 e assumiu o nome de João XXIII. O seu pontificado, que durou menos de cinco anos, apresentou-o ao mundo como uma autêntica imagem de bom Pastor. Manso e atento, empreendedor e corajoso, simples e cordial, praticou cristãmente as obras de misericórdia corporais e espirituais, visitando os encarcerados e os doentes, recebendo homens de todas as nações e crenças e cultivando um extraordinário sentimento de paternidade para com todos. O seu magistério foi muito apreciado, sobretudo com as Encíclicas "Pacem in terris" e "Mater et magistra".
Convocou o Sínodo romano, instituiu uma Comissão para a revisão do Código de Direito Canónico e convocou o Concílio Ecuménico Vaticano II. Visitou muitas paróquias da Diocese de Roma, sobretudo as dos bairros mais novos. O povo viu nele um reflexo da bondade de Deus e chamou-o "o Papa da bondade". Sustentava-o um profundo espírito de oração, e a sua pessoa, iniciadora duma grande renovação na Igreja, irradiava a paz própria de quem confia sempre no Senhor. Faleceu na tarde do dia 3 de Junho de 1963.
Foi beatificado por João Paulo II no dia 3 de Setembro de 2000.
Canonizado ao mesmo tempo que aquele que o tinha beatificado – João Paulo II – em 27 de Abril de 2014.
Ângelo José Roncalli, quarto filho de 13, nasceu em Sotto il Monte, Bergamo, em 25 de novembro de 1881. Em 1892, entrou para o Seminário de Bergamo e, em 1896, foi admitido à Ordem Franciscana Secular. De 1901 a 1905 foi aluno no Pontifício Seminário Romano e, em 1° de agosto de 1904, ordenado sacerdote. A seguir, foi convocado como secretário do Bispo Giacomo Maria Radini-Tedeschi, e, por isso, regressou à "sua" cidade de Bergamo.
Experiência da guerra
Viver ao lado do Bispo e acompanhá-lo nas suas visitas aos lugares mais recônditos da diocese, certamente, constituíram a inspiração pastoral que guiará sempre o futuro Papa. Porém, em 1914, tudo se interrompeu bruscamente: faleceu Dom Giacomo Radini e estourou a I Guerra Mundial. Quando a Itália entrou no conflito, em 1915, Ângelo Roncalli foi convocado para servir como novo Sargento no campo da Saúde; depois, tornou-se Capelão militar, trabalhando nos hospitais militares de reserva, e coordenador na assistência espiritual e moral dos soldados.
Em Roma, a serviço da Santa Sé
Ângelo Roncalli entrou oficialmente no Vaticano, em 1921, onde teve início a segunda parte da sua vida: foi convocado a Roma, por Bento XV, para presidir, pela a Itália, ao Conselho Central da Pontifícia Obra de Propagação da Fé; quatro anos depois, o novo Papa, Pio XI, o nomeou Visitador Apostólico na Bulgária. Nomeado Bispo, em 19 de março de 1925, em Roma, começou sua missão, em Sofia, em 25 de abril. A seguir, foi nomeado primeiro Delegado Apostólico na Bulgária, visitando as comunidades católicas e estabelecendo cordiais relações com as demais comunidades cristãs, até 1934.
Vida no exterior, como pastor missionário
Por vários anos, Ângelo José Roncalli foi representante da Santa Sé no exterior. Em 27 de novembro de 1935 ,foi nomeado Delegado Apostólico na Turquia e Grécia e Administrador Apostólico dos latinos em Constantinopla. Não foi uma tarefa fácil. Na "nova" Turquia, proclamada Estado não confessional, trabalhou para que os Católicos não se sentissem excluídos da sociedade; ao invés, na Grécia, deviam melhorar as relações com o Patriarca e os metropolitas da Igreja Ortodoxa. Com a explosão da II Guerra Mundial, a situação de Dom Roncalli teve que mudar, novamente: em 20 de dezembro de 1944, Pio XII confiou-lhe, mais uma vez, uma tarefa delicada: foi nomeado Núncio Apostólico em Paris. A França, em uma situação de libertação, iniciava um profundo processo de laicismo estatal. O que sempre inspirava Dom Roncalli, em cada nova função, era buscar a simplicidade evangélica, mesmo diante das questões diplomáticas mais complexas: era sustentado por um desejo pastoral sacerdotal, em todas as situações, com também por uma piedade sincera, que consistia em dedicar, diariamente, um maior tempo à oração e à meditação.
Pastor de almas na Cátedra de Pedro
Como quase sempre acontece, a vida passa por rápidas mudanças. Assim aconteceu com Dom Ângelo Roncalli: em 1953, foi criado Cardeal e, imediatamente, teve que voltar para a Itália, onde se tornou Patriarca de Veneza. Achou, portanto, que estão podia dedicar os últimos anos da sua existência ao ministério direto de cuidar das almas, na capital veneta. Ao invés, com a morte de Pio XII, foi eleito Papa, em 28 de outubro de 1958, escolhendo o nome de João XXIII. Durante seu quinquênio de Pontificado, deu ao mundo uma autêntica imagem de Bom Pastor, recebendo, de fato, o apelido de "Papa bom" ou "Papa da bondade".
Concílio Vaticano II e Magistério da Igreja
João XXIII demonstrou, imediatamente, ser um Papa inovador: convocou o Sínodo Romano, instituiu a Comissão para a revisão do Código de Direito Canônico, mas, sobretudo, de modo surpreendente, da Basílica de São Paolo fora dos Muros, convocou, em 25 de janeiro de 1959, o Concílio Ecumênico Vaticano II. O objetivo não era mudar a Doutrina católica, nem definir novas verdades de fé, mas repropor o conteúdo da fé ao homem contemporâneo, para dar resposta às novas problemáticas e desafios de uma sociedade em evolução. Coerente com uma atitude de diálogo e compreensão e não de oposição e condenação, convidou também expoentes das várias Confissões cristãs como observadores do Concílio. A mensagem de João XXIII foi lançada com força pelas suas oito Encíclicas, inclusive a "Mater et magistra", de 1961, na qual repropôs o ensinamento social da Igreja, 70 anos depois da "Rerum novarum" e da "Pacem in terris”, de 1963: o primeiro documento da história, dirigido a todos os homens de boa vontade, no qual destacava os conceitos de paz e de uma justa ordem social. Há algum tempo, João XXIII estava doente. De fato, faleceu em 3 de junho de 1963, logo depois do Dia de Pentecostes. O “Papa bom” foi beatificado por João Paulo II, durante o Grande Jubileu de 2000, e canonizado pelo Papa Francisco, em 27 de abril de 2014.
Oração que João XXIII gostava de rezar durante a Missa:
Pai do Céu. Pai de misericórdia!
Atendei a oração do vosso servo:
1) pela satisfação e remissão de todos os meus pecados;
2) pela saúde e fortaleza da minha alma, da minha casa e daqueles que estão vinculados ao meu serviço;
3) pela satisfação e remissão dos pecados dos governantes,
dos prelados, das almas consagradas e de todos,
para que vos dignais conceder a todos a graça do Espírito Santo;
4) por todos os pecadores do mundo, a fim de convertê-los
e reconduzi-los ao caminho da salvação;
5) pelo conforto dos aflitos, concedendo-lhes apoio e verdadeira paciência;
6) pelo refrigério e libertação das almas do purgatório, especialmente as que têm direito à minha oração;
enfim, para iluminar todos os povos, que não receberam a luz do Evangelho, e os nossos irmãos separados, para que possam vos conhecer e amar.
Pai Todo-Poderoso, bendito sejais para sempre, junto com o Filho e o Espírito Santo. Assim seja!
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