segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “Chego amanhã”


PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA CSsR
1822. Liturgia que encanta  
            A liturgia do tempo do Natal procura levar o cristão a compreender o mistério do nascimento de Jesus e sua encarnação numa linguagem consistente de ensinamento e extremamente terna, como terno é o Deus que nos deu seu Filho. A própria liturgia mostra seu encanto diante da benignidade de nosso Deus como diz S. Paulo a Tito: “Quando a bondade e o amor de Deus, nosso Salvador, se manifestaram, Ele salvou-nos... por sua misericórdia fomos lavados” (Tt 3,4-5). Os ensinamentos nos conduzem ao presépio, forma visível de seu nascimento, e encontrá-Lo na solene liturgia. Ali se realiza sacramentalmente. Ao celebrar estamos não diante de um presépio, mas participando da realidade de modo sacramental. Recebemos tudo que Deus nos ofereceu em seu Filho e ofertamos tudo o que somos e temos. Quando algo nos atrai e encanta, nada pode tirá-lo de dentro de nós. Aqui temos a importância de não perder de vista o mistério que celebramos, mesmo participando das alegrias que a data oferece. Nesses dias de preparação, há como que uma recordação atualizante, isto é, faz acontecer de modo místico, a história da salvação que culmina no Deus Conosco. Na proximidade do Natal estamos participamos dessa história de Salvação. Num jogo de palavras da liturgia de preparação, podemos ouvir a resposta de Deus às nossas súplicas: Estou chegando amanha! Notícia boa. Ele é Emanuel, Deus Conosco.
1823. Festa de irmãos
            “Nasceu-nos um menino, um filho nos foi dado!” (Is 9,5). Traz nossa marca humana. A carta aos Hebreus nos ensina: “Tanto o Santificador quanto os santificados descendem de um só: razão porque não se envergonha de nos chamar de irmãos (Hb 2,11). A fraternidade do Natal não está nas alegrias da festa, o que já é um bom sinal, mas na profunda identidade que temos com Cristo, como filhos do mesmo Pai. Além do mais, o Filho de Deus, feito homem, participa de nossa condição humana. “Convinha, por isso, que em tudo se tornasse semelhante aos irmãos, para ser, em relação a Deus um sumo sacerdote misericordioso e fiel... Pois Ele mesmo, tendo sofrido pela tentação é capaz de socorrer os que são tentados”(Hb 2,17-18). Somos irmãos no mesmo sangue que corre nas veias de Cristo. Mais ainda, por participarmos de sua natureza que é unida à Natureza Divina. Desse modo a celebração do Natal está mais na fraternidade que nasce do Cristo que numa celebração amiga onde nos abraçamos e damos presentes.
    1824. Festa de filhos
            “Vede que prova de amor nos deu o Pai que sejamos chamados filhos de Deus e nós o somos” (1Jo 3,1). Todo o mistério do Natal, isto é manifestação de Deus da qual participamos, não é algo distante de nós ao qual assistimos. Participar não significa fazer alguma coisa. Participar do “Mistério”, é viver, através dos símbolos, aquilo que nos é apresentado. Vivemos o Mistério da Encarnação e do Nascimento do Senhor não somente como assistentes, mas como participantes no que se refere a nós. À medida que acolhemos, recebemos a graça dada por Deus nesse acontecimento Divino e humano. Estamos acostumados a rezar para pedir ou agradecer. Mas o rezar é acolher o Deus que se revela. Por isso é festa dos filhos, como donos da casa e atores da ação sagrada. Podemos dizer que estamos mais perto do nascimento de Jesus do que aqueles que estavam ali junto, pois participamos pela fé que nos une ao Senhor que realiza essa maravilha. Dizer “chego amanhã, é a resposta que Deus dá ao nosso envolvimento com seu nascimento.

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