terça-feira, 27 de dezembro de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “Administrando os bens do Reino”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Administração e justiça
            No caminho para Jerusalém Jesus ensina seus discípulos a bem viver no meio das realidades da vida. Lucas não só narra fatos da vida de Jesus, mas indica caminhos para a comunidade. A questão hoje é a honestidade quanto aos bens temporais e o valor que estes bens têm na vida das pessoas. Jesus conta uma parábola para refletir sobre o novo modo de vivê-los no Reino de Deus. Um administrador é acusado de esbanjar os bens de seu patrão. Ao ver-se demitido, procura apoio entre outros empresários modificando o pagamento que deveriam fazer ao patrão, captando sua benevolência. Não agiu mal. Dispensa a parte que caberia a si. O patrão o elogia por ser esperto. Jesus diz que “os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios que os filhos da luz” (Lc 16,8) quando usam os bens materiais. A esperteza dos filhos da luz seria usar os bens materiais para conquistar para a vida eterna. Jesus encerra a parábola com as palavras: “Não podeis servir a Deus e ao dinheiro”. Na língua original usa o termo (mammona). Esta palavra fenícia, que significa segurança e estabilidade econômica, sucesso e esplendor de vida refere-se ao dinheiro como ao deus Mamon. Jesus ensina usar os bens materiais para fazer o bem, construir as pessoas, administrando os bens do Reino de Deus. O cristão  não pode servir a dois senhores. O coração dividido leva à ruína. O cristão é chamado a viver na sociedade com justiça, fidelidade às leis e exatidão nas contas. Pois, se não é capaz de ser correto no uso dos bens materiais, que Ele chama de bens injustos, como lhe confiar os tesouros de Deus. Vivemos num mundo de problemas nesta área. Para superar estes problemas necessitamos “da oração e das preces por todos, pelos governantes, para que possamos levar uma vida tranquila e serena, com piedade e dignidade” (1Tm 2,1-2). O cristão deve ser o melhor cidadão.
Levanta do pó o indigente
             A primeira leitura é um retrato da ganância e da falta de consciência do mandamento de Deus que já existia no tempo do Amós, no século 8º A.C.. Amós, que é profeta por vocação e não para ganhar dinheiro, vive uma situação difícil pregando a Palavra de Deus sofrendo a rejeição. Havia no Reino de Israel opressão, corrupção e exploração dos pobres. Chegam a “dominar os pobres com dinheiro e os humildes com o par de sandálias e para por à venda até o refugo do trigo” (Am 8,6). Esses males provocam sofrimentos. A vida vazia e cheia de males necessita de purificação. Deus é modelo de nossas atitudes para com os necessitados. “Ele levanta do pó o indigente e do lixo ele retira o pobrezinho” (Sl 112).
Fiel nas pequenas coisas
Paulo diz que “Deus quer que todos sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tm 2,4). Essa salvação não é somente algo espiritual, mas a transformação das estruturas da sociedade, de modo particular, no uso dos bens que são para todos. O profeta alerta para o compromisso que temos para com Deus. Esse compromisso vai até às pequenas coisas: “Quem é fiel nas pequenas coisas também é fiel nas grandes, quem é injusto nas pequenas, também será injusto nas grandes” (Lc 16,10). O coração indiviso pode provocar as transformações que o mundo necessita. A Eucaristia ensina a partilha. Ela nos instrui pela Palavra e nos exercita na comunhão do mesmo pão a sermos fraternos.

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