Evangelho segundo São Mateus 9,27-31.
Naquele tempo, Jesus pôs-Se a caminho e seguiram-no dois cegos, gritando: «Filho de David, tem piedade de nós».
Ao chegar a casa, os cegos aproximaram-se dele. Jesus perguntou-lhes: «Acreditais que posso fazer o que pedis?» Eles responderam: «Acreditamos, Senhor».
Então Jesus tocou-lhes nos olhos e disse: «Seja feito segundo a vossa fé».
E abriram-se os seus olhos. Jesus advertiu-os, dizendo: «Tende cuidado, para que ninguém o saiba».
Mas eles, quando saíram, divulgaram a fama de Jesus por toda aquela terra.
Tradução litúrgica da Bíblia
(354-430)
Bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja
Sermão 18; PL 38, 128
«E abriram-se os seus olhos»
«Deus refulgiu, o nosso Deus vem
e não Se calará» (Sl 50,3).
Com efeito, Cristo, o nosso Deus, o Filho de Deus, chegou de forma encoberta na sua primeira vinda; e virá de forma manifesta na segunda. Quando veio encoberto, só foi conhecido pelos seus servos; quando vier manifestamente, será conhecido pelos bons e pelos maus. Quando veio encoberto, foi para ser julgado; quando vier manifestamente, será para ser o juiz. Outrora foi julgado e calou-Se, e o profeta predissera esse silêncio: «Maltratado, humilhou-se voluntariamente e não abriu a boca; como cordeiro levado ao matadouro, como ovelha muda ante aqueles que a tosquiam, ele não abriu a boca» (Is 53,7); mas «Deus refulgiu, o nosso Deus vem e não Se calará».
Agora, também os maus usufruem daquilo a que chamam felicidade neste mundo; e os bons sofrem aquilo a que chamam infelicidade neste mundo. Se os homens só creem nas realidades presentes e não acreditam nas realidades futuras, é porque observam que os bens e os males deste mundo pertencem indistintamente aos bons e aos maus. Se ambicionam riquezas, veem que elas pertencem tanto aos homens piores como aos bons. Se têm horror à pobreza e às misérias desta vida, veem que estas não fazem sofrer só os maus, mas também os bons, e dizem para si mesmos: «O Senhor não vê» (Sl 94,7), Ele não gere os assuntos humanos, Ele deixa-nos caminhar ao acaso para o abismo profundo deste mundo e não nos mostra a sua providência. E, se desprezam os preceitos de Deus, é porque não veem o seu juízo manifestar-se.
Deus reserva muitas coisas para o juízo futuro, mas algumas delas são julgadas agora, para que aqueles cujo julgamento tarda se encham de receio e se convertam. Pois Deus não gosta de condenar, mas de salvar, e por isso é paciente com os maus, para que eles se tornem bons.

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