sábado, 2 de setembro de 2023

REFLETINDO A PALAVRA - “Céus, deixai cair o orvalho”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
E
PADRE JOSÉ OSCAR BRANDÃO(+)
REDENTORISTAS NA PAZ DO SENHOR
Uma Virgem conceberá
 
O lamento esperançoso que acompanhou o povo pedindo o Salvador, reflete-se na liturgia. Era urgente um Salvador que caísse do Céu ou brotasse da terra (Is 45,8). O 4º domingo do Advento revive esse momento e prepara-nos para o Natal. Seu nascimento é comparado com o rei que sai do seu quarto (Sl 19,5) e vem ao encontro na entrega de amor. A abertura de coração é simbolizada pela abertura das portas ao rei da glória: “O rei da glória é o Senhor onipotente; abri as portas para que ele possa entrar... Ele pode subir a montanha do Senhor, pois tem mãos puras e inocente o coração” (Sl 23). Neste domingo, a liturgia se volta para o nascimento de Jesus. Mateus coloca-nos a anunciação do nascimento de Jesus a José. Por que, se não é seu filho? José entra na lista dos patriarcas do povo de Deus que souberam conhecer Sua vontade. José garante a Jesus ser descendente de Davi e da raça de Abraão, pelo qual vem a bênção a todos os povos, como fora prometido (Gn 18,18). O Anjo, quer dizer, o próprio Deus, manda colocar o nome Jesus (Jehô-jeshûá, que quer dizer: O Senhor é Salvação). José lhe põe o nome significando sua paternidade terrena assumida como participação na vontade de Deus. José e Maria são a expressão acabada do resto que permaneceu fiel. José, terra de justiça, povo que permaneceu fiel e Maria, a virgem, totalmente pronta para Deus. Os tempos são maduros para o nascimento de Deus entre nós. A palavra virgem quer significar também intocada em fidelidade à aliança e aos deveres de mãe honrada. O noivado já era casamento, faltando somente a celebração festiva. O texto de Mateus sobre a origem de Jesus, traz, em poucas palavras o que devemos conhecer de Pessoa e Missão de Jesus. A concepção de Jesus é virginal, pois é Filho de Deus, por obra do Espírito Santo. Cumpre a profecia que será Deus conosco.
Participação de uma vida 
A palavra Emanuel era um grito de guerra. O rei gritava emanu (conosco) e os soldados gritavam El (Deus) – Deus está conosco. A Encarnação é a visita de Deus a seu povo, como disse Zacarias (Lc 2,78). Não se trata somente de uma visita de Deus, mas da entrada de Deus em nosso interior, fazendo-nos participar de sua vida. Isso aconteceu pelo mistério de Cristo como um todo. Por isso rezamos: “Derramai, a vossa graça em nossos corações, para que, conhecendo pela mensagem do Anjo a Encarnação de vosso Filho, cheguemos, por sua Paixão e Cruz, à gloria da Ressurreição (Oração). No início da Redenção, o Senhor é contemplado quando nasce na carne. Do seio virginal da filha de Sião germinou aquele que nos alimenta com o pão do céu e garante a todos o gênero humano a salvação e a paz... Se grande é nossa culpa, maior se apresenta a divina misericórdia em Jesus Cristo (Prefácio). Jesus não passou por nós, veio ser nossa vida. 
Uma missão 
Em cada missa invocamos o Espírito para santificar o pão e o vinho com a mesma intensidade que fecundou o seio de Maria (oferendas). Estamos assim, na continuada Encarnação. Temos entre nós o Emanuel. É preciso reconhecer essa presença. Mas ela é também uma missão. Como Paulo, somos escolhidos por Deus para o apostolado, a fim de podermos trazer à obediência da fé todos os povos para a glória de seu nome. Aceitar a Encarnação é contemplar um Menino, mas implantar o Reino de Deus no mundo.
Leituras: Isaías 7,10-14; Salmo 23;
Romanos 1,1-7; Mateus 1,18-24 
1. O povo clamou por um Salvador. A liturgia deste domingo repete esse clamor como preparação para o Natal. Mateus descreve a anunciação a José. Ele entra na linha dos patriarcas e garante a descendência de Davi e Abraão. Dar o nome é paternidade. Jesus (Jehô-jeshûá) significa O Senhor é Salvação. Maria e José estão na linha do resto de Israel e dos pobres de Javé. 
2. Ele é Filho de Deus – Deus conosco – grito de guerra. Deus visita o seu povo para uma participação de vida. Conhecendo os mistérios vamos à glória. No início da Redenção, o Senhor é contemplado quando nasce na carne.
3. A ação do Espírito sobre o pão e o vinho é a mesma da encarnação do Filho de Deus. Estamos na continuada Encarnação. Temos o Emanuel. A presença é uma missão. Como Paulo, somos escolhidos para trazer à fé os povos.
Jogando fora a aliança 
São José passou apertado nesse noivado. A noiva apareceu grávida e o filho não é dele. Danou tudo! Deve ter penado. Gostava dela. Tinha direito de condená-la publicamente, ou abandoná-la. Pela fé e a bondade de Deus, tudo se resolve. Acolhe Maria, casa-se, assume o filho, dando-lhe o nome, educa e é o nosso querido S. José. Já estamos preparando o Natal. A profecia anuncia que uma virgem dará à luz um filho. Mateus mostra que em Maria se realizou a promessa. Neste texto do evangelho temos uma síntese de tudo o que Jesus é: Vem de Deus, por ação do Espírito Santo que o seguirá toda a vida. Ele é o Filho de Davi que salvará o povo, por isso o nome Jesus que significa Deus salva. Ele é o Emanuel, isto é, Deus conosco. Maria, é a Mãe Virgem, Mãe de Deus. Ela foi fecundada pelo Espírito Santo. 
Homilia do 4º Domingo do Advento (19.12.2010)

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